- Athaliba, o cangaceiro Lampião, apelido de Virgulino Ferreira da Silva, junto com a mulher Maria Bonita, e os comparsas, foi acolhido de forma calorosa pelo público no sambódromo da Marquês de Sapucaí. Contrariando a literatura de cordel que insinua ele ter sido rejeitado no Céu, por São Pedro, e recusado no Inferno, por Satanás. Enfim, o espírito do famoso quadrilheiro brasileiro alumiou a Imperatriz Leopoldinense, proporcionando-lhe o título de campeã do Carnaval de 2023. A agremiação suburbana de Ramos fez barba, cabelo e bigode, com desfile admirável.
- Marineth, bem disse a ocê que a escola de samba poderia “surpreender geral”, como falei na crônica Saga de Lampião na Imperatriz. O carnavalesco Leandro Vieira, bacharel em Belas Artes na UFRJ, instituição universitária de excelência, configurou de maneira arguciosa os cordéis de José Pacheco, Rodolfo Coelho Cavalcante e Moreira de Acopiara que retratam o bandoleiro. E o tema agradou a maioria dos componentes da agremiação carnavalesca, originária do Complexo do Alemão, integrado pelas Favelas Nova Brasília, Alvorada, Pedra do Sapo, Fazendinha, Grota, Matinha, Areal, Casinhas, Reservatório de Ramos e das Palmeiras, além dos Morros da Baiana, do Alemão, dos Mineiros, do Adeus e do Coqueiro. Leandro agradeceu a comunidade em público pela garra e desempenho no desfile. Exaltou a sólida parceria entre a escola e a comunidade.
- Athaliba, por diferença irrisória de um décimo, a celebração do rei do Cangaço suplantou a Rosa Egipcíaca, santa africana no Brasil e primeira escritora negra, mostrada pela Viradouro. A escola suburbana, na apuração, obteve 269,8 pontos, contra os 269,7 pontos da agremiação de Niterói, baseada no outro lado da poça d’água, a Baía de Guanabara. E bem que disse a ocê que a Viradouro teria “enorme desafio” em fazer o público assimilar o tema, ao contrário de enredos de outras escolas. Mas, ainda bem, o público entendeu o tema desenvolvido pelo carnavalesco Tarcísio Zanon, explorado sobre a obra literária de Luiz Mott.
- Marineth, em Madureira, bairro cantado em prosa e verso como Capital do Samba tem buchicho pós-carnaval que alimenta a rivalidade entre a Portela e a Império Serrano. O bate-boca depois do resultado do desfile, neste ano, atiçou ainda mais a discórdia dentre os componentes das duas escolas de samba. A verde-e-branco foi rebaixada. E os componentes propagam que a escola foi “garfada” pelos jurados, que não entenderam o enredo Lugares de Arlindo. Dizem que a Portela é que deveria cair para o grupo de acesso, devido ao fracasso do tema O azul que vem do infinito, que celebrou o centenário da escola. Alguns dos integrantes da azul-e-branco, menos ortodoxos, menos xiitas, até se deram por satisfeitos pela escola não ter sido rebaixada.
- Realmente, Athaliba, predominou nos comentários em botequins e redes sociais que uma das escolas, entre a Portela e a Mocidade Independente de Padre Miguel, é que deveria ter sido rebaixada. Ambas, respectivamente, obtiveram 267,7 e 266,6 pontos, figurando na antepenúltima e penúltima colocação na classificação geral. Devido ao frustrado sonho sonhado da celebração dos 100 anos de existência, a diretoria da Portela anunciou a saída do casal carnavalesco Renato Lage e Márcia Lage. A porta-bandeira Lucinha Nobre, que teve peruca desprendida da cabeça no desfile, também foi desligada da agremiação. A escola deve se reformular ainda mais para 2024.
- Marineth, além da performance da estreante rainha de bateria da Imperatriz, Maria Mariá, de 20 anos, que substituiu a cantora Iza, ressalto também a Expedita Ferreira da Silva. Ela, com 90 anos de idade, filha de Lampião e Maria Bonita, desfilou no alto do carro-alegórico que retratou o cangaceiro. Dias antes, 18/2, Expedita desfilou na Mancha Verde, em São Paulo. A agremiação homenageou Lampião no enredo Oxente - sou xaxado, sou nordeste, sou Brasil e sagrou-se vice-campeã, com 269,9 pontos. A campeã, Mocidade Alegre, obteve 270 pontos.
- Athaliba, na categoria titulada Série Ouro, que é nada mais, nada menos que o tradicional Grupo de Acesso, a Unidos do Porto da Pedra consagrou-se campeã. A escola de São Gonçalo, depois de 12 anos, retorna à elite do samba. Vai assumir o lugar da Império Serrano, inclusive, no barracão, na Cidade do Samba. Tendo a imagem do tigre com símbolo, cores vermelho e branco, a escola desfilou com tema baseado no livro A jangada: 800 léguas pelo Amazonas, do escritor francês Júlio Verne. O carnavalesco Mauro Quintaes abusou com riqueza de detalhes a aventura do escritor na Amazônia.
- Marineth, agora é se projetar para o carnaval de 2024. E que a Império Serrano retorne ao Grupo Especial, expurgando de uma vez por todas a triste sina de ser chamada de escola ioiô.
Comentários