Saúde

Brasileiro que criou método para bloquear dengue entra na lista da Nature

Luciano Andrade Moreira é destaque global por pesquisa com Wolbachia aplicada ao Aedes aegypti

Foto: Peter Ilicciev/WMP Brasil/Fiocruz. 

O engenheiro agrônomo Luciano Andrade Moreira, pesquisador da Fiocruz, foi escolhido pelos editores da revista Nature como uma das dez pessoas que moldaram a ciência em 2025. Ele figura na tradicional lista “Nature’s 10”, que destaca nomes de impacto global na produção científica.

Moreira coordena, há mais de uma década, pesquisas que utilizam a bactéria natural Wolbachia para impedir que o mosquito Aedes aegypti transmita vírus como dengue, zika e chikungunya. A técnica, conhecida como “Método Wolbachia”, ganhou projeção internacional após estudos demonstrarem que mosquitos infectados pela bactéria têm probabilidade muito menor de contrair e transmitir arboviroses.

Em artigo publicado em 2009, Moreira e colaboradores mostraram que o inseto portador da Wolbachia passa a competir com os vírus por recursos dentro do organismo ou estimula respostas antivirais — mecanismos ainda investigados pela comunidade científica, segundo a Nature.

Biofábrica em Curitiba e expansão nacional

O pesquisador dirige a biofábrica de mosquitos “wolbitos” instalada em Curitiba, criada em parceria entre Fiocruz, Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP) e World Mosquito Program (WMP). Lá, são produzidos e liberados mosquitos com Wolbachia, que, ao se reproduzirem, transmitem a bactéria às gerações seguintes, reduzindo a circulação viral nas áreas onde são aplicados.

O Método Wolbachia já integra a estratégia nacional de enfrentamento às arboviroses do Ministério da Saúde e está em expansão. As liberações ocorrem atualmente em Balneário Camboriú, Blumenau, Joinville, Brasília, Luziânia e Valparaíso de Goiás, regiões selecionadas conforme indicadores epidemiológicos e recorrência de casos.

Impacto internacional

Fundada em 1869, a Nature é uma das revistas científicas mais prestigiadas do mundo. A lista “Nature’s 10” não é um prêmio, mas um reconhecimento editorial a figuras que impulsionam avanços relevantes para a ciência global.

O Brasil já havia aparecido na seleção em 2023, quando a ministra Marina Silva foi destacada por ações de combate ao desmatamento na Amazônia Legal.

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