Há um ditado popular que diz: “contra fato não há argumento”. Os fatos podem ser interpretados à luz das mais diversas ideologias, todavia ele continuará existindo. Mesmo sendo contado e recontado sobre diversas lógicas ele continuará presente no seu devido tempo e espaço.
Há um outro ditado popular não menos interessante que diz: “errar é humano, permanecer no erro é ignorância”. Nunca seremos seres perfeitos, nesta direção combater a autossuficiência deve ser sempre uma meta, podendo ao contrário, proporcionar o espírito da soberba ou até mesmo a insensatez de não reconhecer as próprias falhas.
Na história da humanidade podemos pinçar inúmeros exemplos destas situações. Vejamos um para ilustrar o presente texto: a inquisição foi um fato, por sinal terrível, desumano, torturante e que durante séculos a Igreja Católica se esquivou, procurou de toda maneira escamotear, apagar da memória dos seus fiéis o nefasto episódio, mas um dia a própria Igreja, dentro de uma hombridade que se espera de uma instituição religiosa reconheceu o erro e pediu desculpas pelos seus atos contra a humanidade.
Dentro desta ótica, como negar o nazismo e seu monstruoso projeto? Como negar a escravidão e suas cenas de horrores nas senzalas, nos pelourinhos, nos estupros e tantas outras atrocidades? Como negar o genocídio cometido contra os nativos brasileiros durante o período de colonização? Enfim, como negar centenas de atrocidades cometidas contra os seres humanos em vários lugares do planeta? Por mais que existam correntes que analisam das mais variadas formas os fatos, não há como negá-los.
A ditadura no Brasil e seu mecanismo de tortura é inegavelmente uma dessas atrocidades. Não há como negar. É fato. Pode-se discutir seus motivos, propor horas de análise e discussão, mas não há como fugir da realidade: vivemos no Brasil um período tenebroso, um período em que a tortura foi uma “ferramenta” usada para se “conquistar” as confissões, depoimentos ou até mesmo fruto da covardia de quem detinha o poder.
Não adianta querer passar uma borracha na história, como se isto fosse possível, pois os fatos estão lá, são atemporais, mas precisam ser contextualizadas, refletidos e deles se tirarem as devidas lições, para que em muitos casos não possam ser repetidos.
Portanto, não é escondendo os problemas ou “jogando a poeira para debaixo do tapete” que iremos equacionar nossos conflitos sociais, que se justificam nas devidas questões históricas.
Ficar negando o que é público e notório nunca irá apaziguar o problema. A exemplo do que fez a Igreja Católica é preciso reconhecer o erro. Admitir que as formas usadas não foram as que deveriam. A história também é feita de erros e equívocos. Mas a evolução só acontece com reconhecimento e novas posturas para evitar que os erros se repitam.
*Walber Gonçalves de Souza é Graduado em História pelo Centro Universitário Assunção (1999). Especialização (Lato sensu) em Ciências do Ambiente pelo Centro Universitário de Caratinga (2002) e Maçonologia: História e Filosofia (2018) pelo Centro Universitário Internacional (UNINTER). Mestrado em Meio Ambiente e Sustentabilidade pelo Centro Universitário de Caratinga (2005). Desde 2002 é professor do Fundação Educacional de Caratinga (FUNEC). Colunista semanal dos Jornais: Diário de Caratinga e Roraima Em Tempo (Boa Vista/RR). Esporadicamente seus artigos são publicados em vários jornais diários do país, entre eles: Estado de Minas; Diário Popular; Diário do Rio Doce. Membro das Academias de Letras de Caratinga (ACL), Teófilo Otoni (ALTO) e Maçônica do Leste de Minas (AMLM). Autor, coautor e organizador de várias obras literárias. Tem experiência na docência de temas ligados à Ciências Humanas. Trabalha com pesquisas voltadas para a Educação, História, Pensamento e Geografia Histórica. Atualmente está cursando o Doutorado em Geografia - Tratamento da Informação Espacial pelo Dinter PUC-Minas/UNEC.
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