A inquestionável qualidade musical de Maíra Baldaia, que já excedeu a chamada fase de renovação da MPB, felizmente, não se perde nos apetrechos visuais das imagens mirabolantes que revestem as músicas do novo disco Obi. Nas predominantes plataformas musicais, principal acesso ao mercado fonográfico, o terceiro disco dela aparece como “novo álbum visual”. Assim, o artista, obrigatoriamente aparece em involucrado em produção visual na audição das músicas.
E aí, prezados leitores d’O Folha de Minas, me remeto à afirmação de Paulinho da Viola, ao dizer em entrevista que “sou um homem do século XIX; não sei o que estou fazendo aqui”. No contexto, a abordagem sobre a gravação de novas músicas do consagrado cantor e compositor. Ele revelou que “estava tudo combinado, mas pedi um tempo para entender como funcionam as formas de gravação e distribuição, agora; pois acho estranho gravar só duas, três músicas, e depois lançar na internet”, quando abordado sobre lançamento de novo disco.
Evidente, Maíra Baldaia, antes de tudo, tá inserida nas gerações conectadas, diretamente, no mundo tecnológico da internet. Sabe das trilhas de manipulação apelativa que se faz essencial para alcançar a preferência de internautas no universo musical. A divulgação de discos, nos dias atuais, está longe do período do apogeu da carreira de Paulinho da Viola. Quando fui assessor de imprensa da gravadora Copacabana, década de 1970, a divulgação de discos se fazia por outras táticas. Isso, até a destruição do modelo da indústria fonográfica que existia e que foi causada por exploração desmedida das empresas multinacionais.
Bem, Maíra tem nas mãos todo o mundo da internet para consolidar, cada vez mais, a carreira artística, amparada na qualidade de compositora e cantora. Outra peculiar vantagem dela é o domínio da arte cênica, sobressaindo sua beleza e a forma escultural. Nascida em Itabira, mesma urbe berço do saudoso poeta Carlos Drummond de Andrade, o talento dela ultrapassava os limites da cidade. Não me esqueço das vezes que lá estive e que Solange Duarte Alvarenga, coordenadora do Memorial Carlos Drummond de Andrade, no Pico do Amor, me dizia; “o Brasil ainda irá conhecer e aplaudir Maíra Baldaia, talento genuíno itabirano”. Recomendo ouvir o disco, com cada música acondicionada em imagens, no link https://ffm.to/mairabaldaiaobi.
Para concluir, o perfil @paulinhodaviola registra milhares de seguidores no Instagram. As postagens não são feitas por ele, mas, passam pelo crivo do artista. Assim como os admiradores de Paulinho da Viola, aguardo o lançamento de um novo disco dele. Sem que arrebente os laços de sustentação em ser “um homem do século XIX”, no mundo virtual, mantendo a digna atividade artística e de cidadania que enriquece e qualifica em alto nível a MPB.
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