13º Festival Literário Internacional de Araxá homenageia a escritora ruandesa Scholastique Mukasonga
Evento reúne mais de 40 autores no tema “Literatura, Encruzilhada e Memória” e vai até domingo (5)

O Festival Literário Internacional de Araxá (Fliaraxá) chega à sua 13ª edição nesta quarta-feira (1º) e segue até o próximo domingo (5). Este ano, a autora homenageada é a escritora Scholastique Mukasonga, de Ruanda, referência mundial da literatura contemporânea, ao lado do escritor baiano Itamar Vieira Junior.
A programação conta com a presença de mais de 40 autores e autoras do Brasil e do exterior, organizados em torno do tema “Literatura, Encruzilhada e Memória”. Entre os nomes internacionais, também está a escritora Léonora Miano, de Camarões, em mesas que discutem ancestralidade, democracia, justiça e desafios contemporâneos.
O patrono da edição é Agripa Vasconcelos, autor de A vida em flor de Dona Beja, e o autor local homenageado é Fernando Braga de Araújo, conhecido pelo livro Araxá põe a mesa.
Entrevista com a curadora
A coordenadora do Fliaraxá, Bianca Santana, destacou a proposta do tema:
“A encruzilhada é ponto de cruzamento de caminhos, saberes e futuros possíveis. A memória é o que sustenta esses caminhos. Ao longo do festival, o tema aparece em mesas literárias que discutem obras importantes e temas como ancestralidade, democracia e justiça. Este tema afirma a literatura como força de encontro e de reinvenção”, disse.
Bianca também ressaltou o espaço das mulheres na programação:
“Não só as mulheres são maioria entre os convidados deste ano, como também estão em mesas centrais, tratando de temas fundamentais. Nossa curadoria trabalhou para garantir que vozes de mulheres ocupem o lugar de destaque, como ocupam na literatura contemporânea.”
Sobre a escolha de Scholastique Mukasonga como autora homenageada, Bianca explicou:
“Sua escrita tece mortalhas e constrói túmulos para os que foram mortos no genocídio em Ruanda. Homenageá-la é reconhecer sua obra e trazer para o centro do festival uma literatura que trata do trauma, do exílio, da maternidade, da violência e, sobretudo, da dignidade e da resistência.”
Presença no Rio
Após a homenagem em Araxá, Scholastique Mukasonga estará no Rio de Janeiro. No dia 8 de outubro, às 17h30, ela participa de um encontro com leitores na Biblioteca do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB RJ), dentro do Clube de Leitura CCBB 2025.
O debate será sobre o livro A mulher de pés descalços, escolhido em votação aberta pelo Instagram do CCBB do Rio. Na obra, Mukasonga relata a experiência das mulheres tutsis durante as lutas que culminaram no genocídio de 1994 em Ruanda. Filha da etnia tutsi, ela vivia na França na época, mas perdeu a família no massacre. O livro é também uma homenagem à memória de sua mãe, Stefania.
*Com informações da Agência Brasil
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