Museu Nacional recebe doações de peças de instituição da Áustria
Coleção inclui cerâmicas, armas e adornos de populações indígenas
O Museu Nacional do Rio de Janeiro recebeu a doação de 197 peças que integram o acervo do Universalmuseum Joanneum, localizado em Graz, na Áustria. A coleção inclui cerâmicas, armas, adornos e ferramentas de populações indígenas do Alto Xingu, na Amazônia. As peças deverão chegar ao Brasil no segundo semestre deste ano.
"De todo acervo que perdemos, talvez o mais caro, o que mais sentimos, é justamente o material etnográfico de povos indígenas brasileiros", diz o paleontólogo Alexander Kellner, diretor do Museu Nacional. "Materiais mais antigos são mais difíceis de conseguir e essa é nossa batalha. Só vamos ter isso, sobretudo o material mais antigo, de instituições internacionais".
Esta é, segundo Kellner, a primeira doação internacional de acervo para o Museu Nacional desde o incêndio que destruiu mais de 60% das 20 milhões de peças da instituição, que fica na Quinta da Boa Vista.. "Temos promessas [de doações internacionais], mas esta foi a primeira concretizada. Nos enche de alegria".
Parte do acervo pode ser recuperada após o incêndio. Segundo Kellner, o Museu Nacional continua com um acervo de destaque. Cerca da metade das coleções ou não foram afetadas ou tiveram material representativo recuperado. A parte etnográfica, no entanto, está entre as mais afetadas.
"Logo após a tragédia, eu sempre falava que o desafio era a recomposição das coleções. Dentro desse contexto, a gente fica feliz em receber essa importante doação de material etnográfico de povos indígenas que habitavam o Xingu", diz Kellner.
A coleção é formada por objetos dos irmãos missionários Anton e Karl Lukesch, reunidas em visitas ao Brasil, entre as décadas de 1950 e 1970. A doação foi acertada no final do ano passado. Na semana passada, o diretor esteve na Áustria para receber formalmente o acervo.
A direção do Museu Nacional está, agora, em busca de instituição aqui no Brasil para expor a coleção quando ela chegar ao país. A intenção é que ela possa ser visitada pelo público o mais rápido possível, mesmo antes da reconstrução do museu.
O Museu Nacional, que completou 200 anos em 2018, é um dos mais importantes museus no Brasil, reconhecido nacional e internacionalmente. O incêndio foi uma tragédia que chamou atenção do mundo todo. A instituição, além de trabalhar com a recomposição do acervo, pretende reconstruir, ao menos parte do palácio imperial Paço de São Cristóvão que o abrigava, até 2022, para que ele seja aberto.
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