Coluna

O nome dela é Jéssica!

- Athaliba, a ex-Ken Humano, que ao nascer foi batizada Rodrigo Alves, agora divulgou sua nova identidade: “Jéssica Alves!”. É isso mesmo. O nome dela é Jéssica. Ela mostrou a sua nova certidão de nascimento em vídeo, no Instagram, 15/9, depois de retirar o documento no cartório de Santo Amaro, em São Paulo, onde foi registrada há 38 anos. Portanto, a partir de agora, definitivamente - embora não originalmente -, ela integra o universo feminino. E anuncia que está se preparando para se submeter a cirurgia de transplante de útero para gerar o próprio filho, após consolidar o jeito “natural” de fazer sexo.

- Marineth, que mal pergunte, especulando sobre a possibilidade de êxito do transplante de útero, a gravidez dela não é considerada de risco, às vésperas dos 40 anos?

Jéssica Alves
Após a cirurgia de redesignação sexual, Jéssica obteve nova certidão de nascimento e quer, agora, fazer transplante de útero para gerar filhos. (Reprodução / Instagram) - 

- Athaliba, para Jéssica que já disponibilizou a carcaça para dezenas de cirurgias, ela vai é tirar de letra a gravidez, assim como fez com a operação de redesignação sexual. É verdade que a transexual gemeu e gritou de dor ao ser desvirginada, conforme contou à Luciana Gimenez, no programa SuperPop, da Rede TV. “Senti muita dor - disse ela - ao perder a virgindade e não foi legal; pois doeu muito; a penetração, me machucava. Telefonei para meu médico, na Tailândia, que me operou, e ele observou que é normal mulher sentir dor na primeira experiência sexual. No meu caso, como mulher trans, foi a mesma coisa. Tive que tomar analgésicos e ficar na cama por uma hora para me estabilizar. Não conseguia sentar. Mas, depois de outras vezes, acostumei”.

- Marineth, seguinte: será que a Jéssica conseguirá feito inédito e histórico na medicina, ao ser a primeira tans a realizar transplante de útero e gerar filho? A cirurgia é segura e acontecerá no Brasil?

- O trem é doido, Athaliba. Não descarto essa possibilidade. Afinal, a evolução da ciência já chegou à clonagem de animais. E é possível clone de humanos? Não sei se a sociedade global tá preparada pra isso. Atualmente a cirurgia de transplante é comum, décadas após o cirurgião sul-africano Christian Neething Barnard realizar o primeiro transplante de coração em 1967. Para Jéssica o céu não é o limite. Não dá prá prever o que reserva à nova trajetória dela como sinalizei na crônica https://ofolhademinas.com.br/materia/34476/coluna/ken-redesignada-em-jessica.

- Lembro bem disso. Ocê me contou, em março, no Dia Internacional da Mulher, que ela tinha se “infiltrado no universo feminino”, radiante com vagina nova e anunciando que desejava ser mãe aos 40 anos. Na ocasião ocê me provocou, sugerindo que desvirginasse a Jéssica. Tudo acontece com ela em ritmo acelerado, né?

- Pois então, Athaliba, isso já era. Quer saber, agora, como ajudar a realizar o sonho dela? Depois do transplante de útero, Jéssica quer engravidar e, naturalmente, buscará um pai para o filho dela. No vídeo em que exibiu a nova certidão de nascimento, ela disse que “quero ter um marido e construir a própria família. E, por fim, morar entre a Inglaterra e o Brasil, pois quero estar mais presente por aqui com a família. Estou pensando na minha velhice aqui e não na Europa. Atingi um momento da minha vida na qual estou bastante maternal”. E aí, ocê tá dentro?

- Sou carta fora do baralho, Marineth. Descartável. Já falei que a melhor maneira de resistir à tentação é ceder, mas, claro, com critérios para evitar situação de risco.

- Athaliba, a transexual também tem o desejo de posar nua na Playboy. Não quer deixar a menor sombra de dúvida de que é mulher e que a cirurgia de redesignação sexual a proporcionou uma vagina de adolescente, como costuma dizer. Ocê bem que poderia agenciá-la nessa tarefa e elaborar roteiro para álbum de fotografias. A publicação pode alcançar recorde de vendas e entrar para o livro Guinness Word Records. Não acha que é bom negócio?

- Marineth, isso é missão para paparazzo que persegue pseudo “famosos”, “celebridades”.

- Bem, Athaliba, vamos deixá-la então entregue à sorte de paparazzo. Tem um detalhe da cirurgia de transplante de útero que me chamou a atenção. A Jéssica não revelou qual o médico que fará a cirurgia. A identidade é mantida em sigilo, conforme noticiou o Daily Mail, jornal inglês e que vem badalando o caso da transexual. Ela diz que fará a cirurgia quando sentir que é 100% seguro à sua saúde. Observou que nunca houve oficialmente um transplante de útero realizado com sucesso em uma mulher transexual, mas que várias trans foram submetidas à operação em segredo no Brasil. Por que esses casos clandestinos ficam entocados? 

- Marineth, o trem é doido e cabe redondinho nesse caso. E só a Jéssica entende! 

Lenin Novaes

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Crônicas do Athaliba

LENIN NOVAES jornalista e produtor cultural. É co-autor do livro Cantando para não enlouquecer, biografia da cantora Elza Soares, com José Louzeiro. Criou e promoveu o Concurso Nacional de Poesia para jornalistas, em homenagem ao poeta Carlos Drummond de Andrade. É um dos coordenadores do Festival de Choro do Rio, realizado pelo Museu da Imagem e do Som - MIS

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