Coluna

Ken redesignada em Jéssica

Ken Humano na fase travesti às vésparas da cirurgia de redesignação sexual para se tornar Jessica. Foto Instagram. 

- Athaliba, nesse Dia Internacional da Mulher não posso deixar de registrar fato inusitado de infiltração no universo feminino que ganhou repercussão em redes sociais e na mídia. A nova componente do mundo feminino, abrolhada de cirurgia de redesignação sexual, tá nas nuvens, delirando de felicidade. Ela apregoou no Instagram que “adoro a minha vagina nova e em três meses poderei usá-la sexualmente e perder a virgindade”. E alertou: “Quero ser mãe aos 40 anos de idade”. E aí, amigo, ocê se aventura em desvirginar a donzela que aderiu ao gênero feminino?   

- Marineth, diante desse sufoco de abstinência imposto pelo isolamento social da pandemia do COVID-19 não digo que sim e que não. Acredito que a melhor maneira de resistir à tentação é ceder, mas, creia, com purificado critério. Mas, afinal, ocê desencavou esse caso de que baú?

- Athaliba, a transformação corporal do paulista Rodrigo Alves, chamado Roddy, que ficou conhecido como Ken Humano, mas que dizia se identificar com a Barbie, e agora se cognomina Jéssica, resultou em mais de 70 intervenções cirúrgicas na carcaça. A cirurgia plástica recente de readequação sexual, que demorou cerca de seis horas, ao custo de mais de R$ 100.000,00, foi realizada pelo dr. Pansritum, no Kamol Cosmetic Hospital, em Bangkok, capital da Tailândia. Ela, a Jéssica, conta que “escolhi uma vagina jovem, equivalente a uma de 18 anos, e que funcionará da mesma forma que uma vagina biológica”.

- Que beleeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeza, Marineth!

- Athaliba, o ex-Ken disse em entrevista ao jornal britânico Daily Mail que “a vagina está um pouco inchada, mas é muito bonita”. E afirmou que “agora posso começar minha nova vida como uma mulher feliz, pois renasci, essa é a verdade. E é tão bom ser mulher”. Conjecturando planos futuros, adiantou que “a minha nova vagina me dará confiança para namorar e ter intimidade com alguém especial. Por isso, recusei proposta de 15 mil euros para vender a minha virgindade”.

- A Jéssica faz o que na vida e habita que parte do planeta, Marineth?

- Ela tem 37 anos e vive há muitos anos na Inglaterra, Athaliba. Gastou mais de R$ 4,5 milhões em cirurgias. É apresentadora do reality show “Love me Gender”. “Espero - disse - em breve encontrar novo namorado e um pai para o bebê; quero ter um bebê, sim. Vou adotar. Não quero ser mãe sozinha. Quero ter alguém comigo e espero ter o homem certo para mim até lá”.

- Marineth, que a Jéssica se enturme plenamente no maravilhoso e encantado universo feminino sem choques e seja feliz.

- Mas, Athaliba, nem tudo são flores para ela. Quando ainda travesti, na fase de transição de Ken para Jéssica, no programa de TV “Live non E La D’urso”, ao vivo, na Itália, o dr. Pietro Lorenzetti, cirurgião plástico, chamou-a de monstro. Disse ele: “Você se olhou no espelho? O que tá ocorrendo agora é pior do que o que você fez para ser Ken. Você não tem formas equilibradas, não tem beleza, não há nada de feminino. É apenas um exagero. Seu caminho cirúrgico é uma loucura. Você não vai aos melhores médicos do mundo, porque pessoas sérias não fazem essas coisas horríveis. Cirurgiões plásticos não criam tais monstros. Uma coisa é a transição, outra é transformar pessoas em monstros. Eles estão loucos e você está louca. Sim, eu digo que você é um monstro”.

- Como a Jéssica reagiu, Marineth?

- Athaliba, ela saltou da cadeira e assustou a apresentadora Bárbara d’Ursoque. E, refeita, enfrentou o médico, chamando-o de “antiprofissional”. Devolveu a agressão verbal: “Você que é um monstro, você é terrível e vou te processar”. Em reportagem à revista Quem contou que a TV abordava “um ano da minha transição e, do nada, o tal médico falou que eu sou um monstro fora de proporção. Eu não sou perfeita, mas cada um tem seu biótipo. Já falei com meus advogados e vou processá-lo”.

- Bem, Marineth, vamos deixar a Jéssica seguir o curso de vida que escolheu. Será que o novo nome foi escolhido em referência àquela personagem de desenho animado de “Uma cilada para Roger Rabbit”, interpretada no filme vocalmente pela atriz Kathleen? A Jéssica, exuberante, é mulher do divertido, engraçado e simpático coelho Roger Rabbit. Protagoniza cena inesquecível cantando “Why don’t you do right”, que deixa o detetive Eddie Valient de boca aberta. Rodrigo, aliás, agora Jéssica Alves, terá os atributos sedutores daquela célebre figura cinematográfica?

- Athaliba, não se pode prever o que reserva à nova e desafiadora trajetória de vida dela!

Lenin Novaes

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Crônicas do Athaliba

LENIN NOVAES jornalista e produtor cultural. É co-autor do livro Cantando para não enlouquecer, biografia da cantora Elza Soares, com José Louzeiro. Criou e promoveu o Concurso Nacional de Poesia para jornalistas, em homenagem ao poeta Carlos Drummond de Andrade. É um dos coordenadores do Festival de Choro do Rio, realizado pelo Museu da Imagem e do Som - MIS

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