- Marineth, o Luciano Huck, apresentador do Caldeirão do Huck, personificou o seu perfil como “cidadão ativo”, quando, na prática, é o superficial útil do sistema. Isso ficou claro prá além do horizonte durante a entrevista ao jornalista Pedro Bial, no programa Conversa com Bial, na TV Globo, dia 15/6. Janota, que vem sendo projetado como novo “príncipe da elite dominante” na política, ele estufou o peito e bradou que “não conheço nenhum sistema que tenha tirado tanta gente da pobreza no último século como o capitalismo”. E chutou como sendo absoluta essa tal verdade: “Autoritarismo, socialismo, comunismo, nenhum funcionou. Porém (o capitalismo) gerou feridas, aumentou a desigualdade de maneira desproporcional e a gente tem que pensar como é o capitalismo do século XXI, mais inclusivo, mais compartilhado. E essa é a nossa missão agora”.
- Ora, Athaliba, e não é verdade que o capitalismo aumentou a desigualdade de maneira desproporcional na larga maioria dos países? Abriu, sim, feridas que jamais serão cicatrizadas. A minúscula, miúda, relação dos homens mais ricos no mundo (nela haverá mulheres?) é desigual à ampla quantidade de pobres que vivem na miséria e morrem de fome no planeta.
- Marineth, o fato não é que o capitalismo gera disparidades; faz o rico mais rico e o pobre mais pobre. Essa realidade é visível, transparente e real tanto quanto o ovo na galinha. A questão é que ele afirma ser o capitalismo o único sistema político que tira tanta gente da miséria. E que agora a missão é tornar o capitalismo “mais inclusivo, mais compartilhado” Como rebatia saudoso companheiro jornalista da Última Hora do Samuel Wainer, frente ao despautério vociferado por alguém: “Vá dormir entre os anões e a Branca de Neve”. A eloquência com a qual o animador de programa externou a opinião fisga os incautos nesse caldeirão anticultural em que o povo é massacrado, forçado a consumir, goela adentro, as futilidades de “famosos”, “celebridades”.
- Athaliba, em parte, então, ocê concorda com ele, né?
- Não, Marineth. Não concordo. Ele tem sido o artificial útil desse sistema selvagem, desde sempre, patrocinado para surfar em situações pontuais da miséria para iludir emocionalmente sua plateia. É bom que ele saiba que o sistema político vigente na China retirou cerca de 300.000.000 (trezentos milhões) de pessoas da pobreza entre os anos de 1978 e 2007. A quantidade é superir ao total atual da população do Brasil. Provavelmente aquele número deve ter dobrado na China, de lá prá cá, enquanto na nossa vilipendiada pátria amada, subjugada à violência de milicianos e de narcotraficantes, a quantidade de pobres e miseráveis pode ter triplicado. Em Cuba ninguém morre de fome, como no Brasil. Lá, o povo defende sua soberania com bravura no enfrentamento permanente do bloqueio e da hostilidade dos EUA.
- Athaliba, certa vez, uma colega me disse que votaria no Luciano Huck para presidente do Brasil. Ela é “fá de carteirinha” dele e, no assento privado no sofá, assiste de cabo a rabo, à tarde de sábado, o programa Caldeirão do Huck.
- Marineth, a hipótese da candidatura dele, vazia, artificial, circulou nas redes sociais. Fez-me lembrar da candidatura do empresário e apresentador Silvio Santos, em 1989, pelo PMB, que acabou sendo impugnada pelo Tribunal Superior Eleitoral - TSE -, por irregularidades. Ele migrou para o PFL, mas, após dar com “os burros n’água”, decidiu cuidar exclusivamente dos rentáveis negócios que a concessão do SBT lhe proporciona a aumentar sua fortuna até hoje. Luciano, na entrevista, aliás, negou a hipótese da candidatura. Revelou o voto em branco, nas eleições de 2018, confirmando o que dissera há anos que nunca, jamais, votaria no PT ou no Lula.
- Athaliba, esse tipo de candidaturas artificiais no Brasil funde a cuca do povão, né?
- Sim, Marineth. O Huck surfa nessa onda, apesar de dizer que, como apresentador, “essa é a melhor forma de ajudar o Brasil”, ao falar de substituir o Domingão do Faustão, a partir de 2022. Por falar nisso, a direção da TV Globo antecipou o afastamento de Fausto Silva, cujo programa terá o comando de Tiago Leifer.
- Athaliba, será que tudo ficará como “não fede e não cheira” às tarde de domingo?
- Marineth, infelizmente são raros os programas de qualidade de entretenimento e cultura na TV brasileira. O Huck, por oportuna conveniência, diz não existir renovação política, ignorando reais lideranças (apesar do caos há anos na conjuntura nacional), de Marcelo Freixo e Guilherme Boulos, por exemplo. O que esperar do “cidadão ativo” artificial no engajamento dele no sistema nefasto que causa tanta miséria e aprofunda a pobreza no mundo? A China tá no espaço!!!
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