Com o tema “Sou Minas Gerais”, a 46ª edição do Festival de Inverno de Itabira - cidade berço de nascimento do poeta e jornalista Carlos Drummond de Andrade -, iniciado dia 11/9 e que termina 20/9 -, acontece de forma virtual, devido à pandemia do COVID-19 que já matou mais de 925 mil pessoas no mundo, das quais mais de 130 mil no Brasil. O evento encerra o melancólico ciclo de gestão da superintendente da Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade, Martha Mousinho. À boca pequena dentro dos bastidores da tímida e retrógrada política itabirana, “ela foi nomeada para o cargo como pagamento de dívida de gratidão por apoio à eleição do prefeito Ronaldo Magalhães”. E, no pé de ouvido, já corre nos bastidores que a gestora da FCCDA não será mantida na função, caso o atual alcaide seja reeleito no pleito de novembro.
Para críticos da inoperante gestão da superintendente faltou competência na formulação e execução de políticas públicas na cultura e na reestruturação de órgãos que compõem a FCCDA, como o Memorial Carlos Drummond de Andrade - projetado por Oscar Niemeyer, amigo do poeta, no Pico do Amor – e a Fazenda do Pontal, imóvel que pertenceu ao pai de Carlos Drummond, no qual ele viveu parte da infância. A direção da empresa Vale, em 1973, não hesitou em desmontou o casarão e, no local, construiu barragem para resíduos de minério de ferro. Por mais de 30 anos as peças ficaram estocadas, até que, sob saraivadas de críticas, a Vale, em 2004, reconstruiu a fazenda no bairro Campestre. No entanto o local parece cenário de filme de terror.
O evento presta homenagem aos 300 anos de Minas Gerais e tem na programação geral 41 atrações artístico-culturais divididas em oficinas, apresentações musicais, contações de histórias, palestras, bate-papos, peça teatral infantil e adulta e exposição, além de gastronomia. O Coral da FCCDA abriu o evento cantando “Oh! Minas Gerais”, de José Duduca de Moraes e Manuel Araújo; seguida de abertura da exposição “Itabira e Barão de Cocais numa perspectiva histórica e geográfica”, da fotógrafa e historiadora Staël Azevêdo, em visitação até 31/10. Atração musical, Maurício Tizumba, que é músico e ator, atuante do movimento negro, apresentou o show “Tizumba em concerto”, com canções autorais e obras de Sérgio Pererê e Vander Lee, com viola, violão e tambores.
O festival, com custo total de R$ 150.000,00 – “patrocinado integralmente pela mineradora Vale”, conforme a direção da FCCDA orgulhosamente anunciou -, tem expectativa geral por conta do bate-papo “Minas Gerais – 300 anos”, a partir das 16 horas, no sábado, 19/9. A mesa on-line terá a professora e historiadora Ana Alvarenga (ela foi uma das principais responsáveis pela exposição sobre a vida da atriz Elke Maravilha, na reabertura do Museu de Itabira, em 2018), o escritor Marconi Ferreira, a professora e historiadora Staël Azevêdo e o congadeiro Antônio Beato.
Vale (epa! – não tem relação nenhuma com a mineradora) reserva lugar no sofá para assistir a transmissão ao vivo no canal da FCCDA no YouTube. E confira toda a programação do festival no link: https://fccda.com.br/novo/.
Comentários