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Brasil e Indonésia firmam acordos de cooperação; Lula confirma candidatura à reeleição em 2026

Presidente destaca avanço nas relações bilaterais e reforça defesa do multilateralismo, da reforma da ONU e da solução de dois Estados para o conflito em Gaza

Foto: Ricardo Stuckert | PR. 

Brasília – O Brasil e a Indonésia assinaram, na madrugada desta quinta-feira (23), uma série de acordos de cooperação em áreas como agricultura, energia, comércio, educação, defesa, ciência e tecnologia. As assinaturas ocorreram durante a visita oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à capital indonésia, Jacarta.

Em declaração conjunta à imprensa, Lula e o presidente Prabowo Subianto destacaram o alinhamento entre os dois países em temas internacionais, como o conflito em Gaza, a reforma do Conselho de Segurança da ONU e o fortalecimento do Brics como plataforma de defesa dos interesses do Sul Global.

Durante o pronunciamento, Lula também confirmou que disputará as eleições presidenciais de 2026, buscando um quarto mandato.

“Vou disputar um quarto mandato no Brasil. Digo isso porque ainda vamos nos encontrar muitas vezes. Esse meu mandato termina em 2026, mas estou preparado para disputar outras eleições e fortalecer ainda mais a relação entre Indonésia e Brasil”, afirmou o presidente.

Crescimento do comércio bilateral

Segundo Lula, os acordos assinados reforçam a aproximação entre as duas nações. Ele lembrou que, nas últimas duas décadas, o comércio entre Brasil e Indonésia cresceu mais de três vezes, passando de US$ 2 bilhões para US$ 6,5 bilhões.

“É quase inexplicável que dois países com quase meio bilhão de habitantes movimentem apenas US$ 6 bilhões em comércio. Vamos trabalhar para que Brasil e Indonésia se tornem parceiros fundamentais na geografia econômica do mundo”, declarou.

De acordo com o Palácio do Planalto, a Indonésia foi o quinto destino das exportações do agronegócio brasileiro em 2024, mas Lula classificou os valores como “ainda tímidos” diante do potencial dos dois mercados.

Foto: Ricardo Stuckert | PR. 

Potencial econômico e cultural

O presidente indonésio, Prabowo Subianto, afirmou que os dois países são “forças econômicas em ascensão” e que formam uma “parceria estratégica e sinergética” dentro do Brics e do G20. Ele disse acreditar que o comércio bilateral pode alcançar US$ 20 bilhões nos próximos anos e anunciou que o português passará a integrar o sistema educacional da Indonésia.

Gaza, ONU e Brics

Lula reforçou que Brasil e Indonésia compartilham a mesma visão sobre o conflito em Gaza, defendendo a solução de dois Estados como único caminho possível para a paz no Oriente Médio.

“Nossos governos estão unidos contra o genocídio em Gaza e continuarão a defender a solução de dois Estados”, disse o presidente.

Ele voltou a cobrar uma reforma integral do Conselho de Segurança da ONU, afirmando que a estrutura atual sofre com “falta de representatividade e paralisia”.

O presidente também destacou o papel do Brics como ferramenta para o desenvolvimento do Sul Global e lembrou que a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, lançada durante a presidência brasileira do G20, teve apoio da Indonésia desde o início.

Multilateralismo e defesa

Lula reafirmou que Brasil e Indonésia defendem o multilateralismo e são contrários ao protecionismo e à concentração de poder econômico.

“Não queremos uma segunda Guerra Fria. Queremos comércio livre e justo, com a possibilidade de comercializar usando nossas próprias moedas”, afirmou.

Os dois presidentes também destacaram o potencial de cooperação na área de defesa, com foco na indústria militar e na transição energética, especialmente em relação à mineração de minerais críticos.

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