Registro ao vivo que celebrou os 30 anos do Hanoi Hanoi chega às plataformas de streaming no dia 26 de setembro
Além do álbum digital, o show está sendo lançado na íntegra, no Youtube

Gravado em 2017 em Minas Gerais, na cidade de Nova Lima, “30 Anos na Insanidade – Ao vivo”, registra o reencontro do Hanoi Hanoi no ano em que a banda completava pouco mais de 30 anos de seu primeiro álbum (“Hanoi Hanoi, de 1986).
A gravação, que chega às plataformas de streaming (Jasmin Music) no dia 26 de setembro, aconteceu 22 anos depois do lançamento de “Credus”, último dos cinco álbuns do Hanoi Hanoi, e reuniu Arnaldo Brandão, Sérgio Vulcanis, Ricardo Bacelar e Marcelo da Costa. O registro ao vivo captura clássicos da banda, além das inéditas, “Idiota” e “Tá tudo podre”, e conta com as participações de Samuel Rosa, Flávio Renegado, Affonsinho Heliodoro e Tavinho Paes. O DVD na íntegra, dirigido por Renato Falcão, estreia no Youtube na mesma data.
Uma das mais potentes e instigantes bandas do cenário do rock brasileiro, o Hanoi Hanoi foi criado em 1985 pelo já experiente baixista, compositor e vocalista carioca Arnaldo Brandão, que integrou as bandas A Bolha e Brylho, e tocou com artistas como Raul Seixas, Luiz Melodia, Gal Costa e Caetano Veloso. A grande maioria das canções da banda era de Arnaldo, em parceria com Tavinho Paes (1955-2024), poeta, escritor, agitador cultural e exímio letrista. Com outros parceiros, como Cazuza e Lobão, Brandão compôs “O tempo não para” e “Blá Blá Blá, Eu Te Amo (Rádio Blá)”. "Totalmente Demais", do primeiro disco do Hanoi Hanoi, foi regravada por Caetano Veloso no álbum que leva o título da canção, projetando a banda nacionalmente.
A iniciativa do reencontro aconteceu depois que “Totalmente Demais” virou nome de novela da TV Globo e ganhou nova versão da cantora Anitta, na virada de 2015 para 2016. “Fiquei me lembrando desses meus companheiros, que eu amo de paixão, e resolvi chamá-los para gravar esse DVD. A gente se divertiu muito! A dinâmica mudou bastante, os andamentos ficaram mais lentos, mas a emoção é a mesma. Gravamos basicamente o repertório do disco ‘Credus’, considerado um dos melhores discos de rock gravado ao vivo, além de canções que eu tinha, como ‘Tá Tudo Podre’ e ‘Idiota’”, conta Arnaldo Brandão.

E por que a banda carioca escolheu uma cidade mineira para gravar o audiovisual? “O Hanoi nunca teve muito investimento da gravadora, a gente sempre foi uma banda mais no boca-a-boca, principalmente em Minas Gerais, onde os divulgadores de rádio gostavam dos nossos discos e botaram para tocar”, pontua Arnaldo. Ricardo Bacelar (teclado, violão, guitarra e vocal), músico cearense que se juntou ao grupo no segundo álbum do Hanoi Hanoi, conta mais sobre os convidados: “Chamamos o Samuel Rosa, um artista que a gente gosta muito, para fazermos ‘Saideira’, sucesso do Skank. O Arnaldo participou do primeiro disco deles, inclusive. E nesse ambiente da música de Minas conhecemos o Renegado, que participa de uma versão rap de ‘Totalmente Demais’. Affonsinho Heliodoro, guitarrista incrível da primeira formação do Hanoi, está nessa nossa comemoração. Quanto ao Tavinho Paes, letrista oficial do nosso repertório, ele trabalhou na concepção do show, nos cenários e vídeos, junto com o Jodele Larcher, e fez ainda uma performance de poesia. Foi uma perda muito grande para todos nós quando ele nos deixou, no ano passado”. Bacelar também é o responsável pelo lançamento de “30 Anos na Insanidade – Ao vivo”: o projeto (álbum e audiovisual) sai pelo selo que ele criou, o Jasmin Music.
Como a música dos anos 1980 está em alta, os consumidores da era do streaming poderão descobrir, ou mesmo redescobrir o Hanoi Hanoi. “Para mim, música boa não é datada. É muito importante que todo registro bacana já feito, em décadas passadas, chegue para essa nova geração, principalmente. Eu acho o streaming uma coisa cultural, é como um dicionário, uma enciclopédia: você pesquisa e consegue ter acesso a coisas que nem imaginava que existiam”, opina Sérgio Vulcanis (guitarra e vocal). Marcelo da Costa (bateria e vocal) reforça: “Assim como a gente fez com os artistas dos anos 1970, acho natural que as novas gerações revisitem as bandas dos anos 1980, até para ficarem por dentro do que foi feito. Na verdade, as bandas de hoje não estariam por aqui se não fosse por esse movimento, que criou um conceito de rock brasileiro”. Arnaldo Brandão arremata: “O Hanoi também tem um pouco essa ideia de redescoberta. A poesia do Tavinho Paes ajuda a tornar perenes as composições da gente. Nossos shows eram muito bons e isso fez o Hanoi se consolidar como uma das melhores bandas de rock do país.”
Por ser um registro ao vivo, “30 Anos na Insanidade – Ao vivo” sublinha a vocação do grupo para o palco. “Olhando para trás, acho que o Hanoi Hanoi sempre foi uma banda de muita personalidade, com essa mistura de rock com as percussões, as experimentações, a poesia concreta. A gente não ficava atrás do sucesso puramente pelo sucesso: construímos um repertório de músicas inteligentes, com um certo cinismo, e uma estética própria. O palco sempre foi o nosso forte”, define Bacelar. Sérgio endossa: “Eu gostaria que o Hanoi fosse lembrado como uma banda de atitude, que fazia shows divertidos, orgânicos e viscerais”. “Quem viu os shows do Hanoi não esquece, porque realmente a energia da banda em cena era muito poderosa. Era um rock com suingue totalmente brasileiro e vigoroso”, conclui Marcelo da Costa.
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