Rio de Janeiro - Ele carrega o Piauí até no nome.
Albert Piauhy é um dos artistas mais icônicos do Piauí. O Albert veio do pai, fã do cientista Albert Einstein. O Piauhy, do Ziraldo.
Jornalista, cartunista e ilustrador Albert Nunes de Carvalho, filho de Bernardo Uchôa de Carvalho e de Maria José Nunes de Carvalho, nasceu na cidade de Luzilândia (PI), em 24 de setembro de 1953.
Fã das histórias em quadrinhos, desenhava, com carvão, os personagens dos gibis na calçada da igreja, o que lhe valia grandes sermões do padre, seu padrinho.
A paixão pelo desenho veio com as aventuras do “Anjo”, um detetive criado em 1948 pelo ator Álvaro Aguiar, na Rádio Nacional que, mais tarde, foi transformado em quadrinhos pelo saudoso Flávio Colin.
Além dos quadrinhos, tiveram influência na sua formação a revista “O Cruzeiro” e o jornal “O Pasquim” onde ele teve contato com cartunistas como Millôr, Péricles, Claudius, Ziraldo, e Fortuna, entre outros. Mas o desenhista que mais influenciou Piauhy foi Jaguar.
“Jaguar hoje em dia faz um desenho de qualquer jeito. Mas ainda é o mais genial cartunista do Brasil.” - disse.
O menino Albert queria ser como aqueles caras. Queria ser jornalista, escrever, fazer charge. Começou no jornalismo na década de 70 no jornal “O Estado”, dalí, já como chargista, ingressou no jornal “O Dia” onde veio substituir Arnaldo Albuquerque (primeiro chargista da história piauiense).
A partir daí, o cartunista atuou em todos os jornais de Teresina, em especial, nos alternativos “Gramma”, “Chapada do Corisco” e “Humor Sangrento”.
“Quando eu cheguei a Teresina, no início da década de 70, não existia movimento cultural na cidade. Não tinha um salão de artes plásticas, não tinha museu, não tinha porra nenhuma! Então, eu cheguei numa cidade que, artisticamente, não existia.” - disse.
A história artística piauiense é marcada pelas ações de um grupo de jovens inquietos que habitavam os subterrâneos da cidade. A história mostra que sem eles, os jovens, o Piauí seria muito mais mal humorado e chato.
Dentre estes jovens podemos citar como os mais expressivos: Torquato Neto, Arnaldo Albuquerque, Albert Piauhy, Kenard Kruel, Antônio Noronha, Durvalino, Edmar Oliveira, Carlos Galvão, Chico Pereira, Etim,Claudete Dias e Paulo Cunha.
Alguns destes jovens fundaram um jornaleco chamado “Gramma”, homônimo do jornal oficial do Comitê Central do Partido Comunista Cubano. Era um jornal mimeografado que se tornaria símbolo da imprensa alternativa teresinense. O jornal teve apenas duas edições, no ano de 1972.
Por meio do Arnaldo, Piauhy foi inserido na turma do “Gramma”. Conheceu os projetos, as ideias e as festinhas regadas a bebida e maconha.
Nessa época, foi preso pela Polícia Federal. Para surpresa do cartunista os policiais tinham todos os desenhos que ele publicou na imprensa piauiense.
“Eu disse assim: caramba! Eu mesmo não guardei! Agora eu já sei, quando eu quiser fazer um livro, venho aqui pedir emprestado”.
Piauhy era um jovem inquieto. Inspirado no sucesso do Salão de Humor de Piracicaba, levou para os amigos Kenard Kruel e José Elias Arêa Leão a ideia de um salão de humor na cidade.
Surgia, então, na mesa do bar Tia Ana, no centro de Teresina, onde os amigos davam as caras, no ano de 1981, o Salão Internacional do Piauí.
Se a arte de Albert Piauhy era regionalizada, o Salão de Humor do Piauí, no entanto, rodou o Brasil e o mundo.
O Salão foi, certamente, a maior contribuição do cartunista para o humor nacional. Durou 30 anos. O primeiro Salão aconteceu efetivamente em 1982. A última edição, em 2013. O Salão chegou ganhar, entre outros, o prêmio HQMix de melhor salão de humor do Brasil.
Albert Piauhy também foi presidente da Fundação Nacional do Humor – Casa de Reginaldo Fortuna, que funcionou por muitos anos na Praça Ocílio Lago, na Zona Leste de Teresina.
O Salão foi um presente do Piauhy, para o Piauí.
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