2024 foi o ano mais quente dos últimos 175 anos
Relatório da ONU aponta recordes climáticos e reforça necessidade de ação global

Brasília - O ano de 2024 entrou para a história como o mais quente já registrado nos últimos 175 anos, de acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM), órgão da ONU. Pela primeira vez, a temperatura média global ultrapassou 1,5 °C em relação ao período pré-industrial (1850-1900), reforçando as preocupações com os impactos das mudanças climáticas.
O relatório da OMM também aponta que o aquecimento global de longo prazo oscila entre 1,34 °C e 1,41 °C acima dos níveis históricos.
“Embora um único ano acima do limite de 1,5 °C não signifique que os objetivos do Acordo de Paris estejam comprometidos, é um claro sinal de alerta sobre os riscos crescentes para nossas vidas, economias e para o planeta”, destacou a secretária-geral da OMM, Celeste Saulo.
Causas e consequências do recorde de calor
Os cientistas atribuem esse novo recorde ao aumento contínuo das emissões de gases de efeito estufa, combinado com os efeitos dos fenômenos climáticos La Niña (resfriamento) e El Niño (aquecimento).
O documento também revela outros dados preocupantes, como a maior concentração atmosférica de dióxido de carbono, metano e óxido nitroso dos últimos 800 mil anos. O dióxido de carbono, por exemplo, permanece na atmosfera por gerações, intensificando o efeito estufa e agravando o aquecimento global.
Outro destaque é o impacto nos oceanos, que absorvem cerca de 90% da energia retida pelos gases de efeito estufa. Em 2024, a temperatura dos oceanos atingiu o maior nível dos últimos 65 anos, enquanto o nível do mar subiu em ritmo duas vezes mais rápido entre 2015 e 2024 do que entre 1993 e 2002.
Além disso, a Antártica registrou as menores extensões de gelo da história nos últimos três anos, enquanto o Ártico acumulou as 18 menores medições de gelo dos últimos 18 anos. A perda de massa glacial também atingiu patamares alarmantes.
Impactos globais e desafios para o futuro
Os efeitos das mudanças climáticas vão além das temperaturas recordes. O relatório da ONU destaca que os fenômenos climáticos extremos registrados em 2024 agravaram crises alimentares em 18 países, impulsionadas também por conflitos e o aumento dos preços dos alimentos.
Apesar do cenário preocupante, o secretário-geral da ONU, António Guterres, ressaltou que ainda há tempo para conter o aquecimento global a longo prazo.
“O futuro ainda pode ser moldado. Os líderes precisam agir com urgência para impulsionar fontes de energia limpa e acessível, aproveitando esta oportunidade para o desenvolvimento sustentável e a proteção do planeta”, afirmou Guterres.
O relatório foi elaborado com base em dados fornecidos por serviços meteorológicos e hidrológicos nacionais, centros climáticos regionais e parceiros da ONU, contando com a colaboração de dezenas de especialistas.
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