Rio de Janeiro - O “Planeta Diário” - pra quem não é velho como eu - foi um jornal de humor feito por cartunista mas que, estranhamente, não publicava cartuns.
A história do ‘Planeta Diário’, começou no ‘Pasquim’ onde Cláudio Paiva, um cartunista nascido em Carangola (MG), em 6 de junho de 1945, conheceu Reinaldo Figueiredo - na época editor do semanário -, Hubert Aranha e Agner.
O ano era 1984. Os quatro, lá mesmo no ‘Pasquim’, começaram a trabalhar no projeto de fazer um jornal independente. Fora do ‘Pasquim’. Um jornal só deles. Aí veio a ideia: fazer o ‘Planeta Diário’, uma cópia escrachada do jornal onde o jornalista Clark Kent - o Super-Homem - trabalhava.
Perry White era o editor fictício de ‘O Planeta Diário’. Um velho homem de imprensa corrupto e conservador; pronto a vender a opinião do jornal a quem pagasse melhor. O personagem fez tanto sucesso que foi parar nas páginas do jornal ‘Folha de São Paulo’ em uma coluna escrita por Paiva e Hubert Aranha (as melhores colunas foram reunidas, em 1986, no livro ‘Apelo à Razão’).
O tablóide, que parodiava o diário editado pelo velho e lendário jornalista Perry White, era um jornal de ficção, mas com notícias do dia-a-dia tupiniquim, criado por quatro jovens talentosos e sonhadores.
Mas, antes do lançamento, Agner - que trabalhava no ‘Jornal dos Sports’ e fazia Desenho Industrial e que participou das reuniões preparatórias do jornal - teve que sair. Ficaram só os três. Quando o primeiro número chegou às bancas, Agner já não estava mais no projeto.
A redação funcionava na casa de Cláudio Paiva que, assim como Hubert e Reinaldo tinha acabado de casar. O trio fazia todo o jornal. Escreviam, diagramavam e ilustravam.
‘O Planeta Diário’ foi um negócio que deu certo. O tablóide chegou a vender quase cem mil exemplares. O jornal circulou até julho de 1992, quando lançou sua última edição - de número 84.
“O Planeta Diário”, então, fundiu-se com o “Casseta Popular”, revista da qual faziam parte Bussunda, Marcelo Madureira, Hélio de La Peña e Cláudio Manoel, transformando-se em "Casseta e Planeta”.
Cláudio Paiva ficou conhecido pela sua atuação no ‘Pasquim’, mas brilhou também em outras áreas. Teve um relevante trabalho como músico. Em 1985, durante o Salão Internacional de Humor de Piracicaba, Paulo Caruso formou com o irmão Chico e outros cartunistas a ‘Muda Brasil Tancredo Jazz Band’. Luis Fernando Veríssimo, Miguel Paiva, Reinaldo, Cláudio Paiva e Mariano juntaram-se mais tarde ao conjunto.
Estive com Cláudio Paiva uma única vez, num show da banda ‘Tancredo Jazz Band’. Depois disso - ou antes, não lembro - publiquei um trabalho dele no ‘Cartoon’ , um jornal de humor que eu editei nos anos 90.
Paiva tinha talento, um traço moderno e ótimas sacadas, mas ficou mais conhecido como redator, do que como cartunista. Como cartunista, publicou na ‘Revista de Domingo’, ‘Cartoon’, ‘Folha de São Paulo’ e ilustrou, para a ‘Editora Três’, nos anos 80, junto com Reinaldo, Nani, e outros, uma revistinha com versões eróticas de contos de fada, escritas pelo Mariano.
Ainda no ‘Pasquim’, em meio a censura e o tiroteio do anti establishment, criou, junto com Hubert Aranha e Agner, o personagem Avelar, o general que não aderiu ao golpe - um militar linha dura que em casa apanhava da mulher.
Cláudio Paiva, a partir de 1988, passou a se dedicar aos roteiros do ‘TV Pirata’. Depois do sucesso do ‘TV Pirata’, Paiva foi roteirista de programas de sucesso como ‘Sai de Baixo’ e ‘A Grande Família’. Escreveu para o ‘Fantástico’ e ‘A Comédia da Vida Privada’. Criou as séries ‘Tapas & Beijos’, ‘Chapa Quente’ e os filmes ‘Cine Holliúdy’, ‘Amorteamo’ e ‘Chacrinha’, entre outros.
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