Rio - Hoje, Sérgio Natureza faz aniversário. 76 anos.
Muitos de vocês, leitores, devem estar se perguntando: quem é Sérgio Natureza? Normal. No Brasil, o artista só é lembrado se estiver na mídia.
Sérgio Natureza não está. Está no Retiro dos Artistas. E, pior, sofrendo do Mal de Parkinson e precisando de ajuda.
Pra quem não está ligando o nome a pessoa, Sérgio Roberto Ferreira Varela, mais conhecido como Sérgio Natureza, é um letrista, poeta, jornalista e compositor brasileiro. Natureza é o letrista de “As aparências enganam”, e “Agora tá”, sucessos de Elis Regina. Também dele e do parceiro Tunai é “Eternamente” e “Olhos do coração”, gravadas por Gal Costa. Eles fizeram também “Frisson”, gravada pelo ‘Roupa Nova”, entre outras canções.
Tunai - morto em 2021 -, irmão do cantor João Bosco, foi seu parceiro mais constante, com ele compôs músicas para vários artistas como Elis Regina, Simone, Gal Costa, Nana Caymmi, Milton Nascimento, Beto Guedes, Roupa Nova, Fafá de Belém, Elba Ramalho e Sérgio Mendes, sempre com sucesso.
Nascido no bairro da Tijuca, passou a infância no Engenho Novo e a adolescência em Vila Isabel, em um prédio construído no local da antiga casa de Noel Rosa.
Sérgio era chamado pelo pai de ‘Natureza’ por gostar de alimentação vegetariana e macrobiótica. Gilberto Gil passou a tratá-lo pelo apelido. Virou nome artístico.
Assim como o nome artístico, o interesse pela poesia veio como herança paterna. O pai escrevia poemas e assinava Sérgio Roberto. Os pais sempre o incentivaram às artes.
Na infância, estudou piano clássico chegando a apresentar-se em algumas audições. Na faculdade, acompanhou os movimentos estudantis e os festivais de música.
Como jornalista free-lancer publicou artigos no “Jornal do Brasil”, “Gazeta Mercantil”, “Folha da Praia” e nas revistas “Ele e Ela”, “Música do Planeta Terra”e “Música Brasileira”.
No final dos anos 60, com a perda da mãe, o descontentamento com a faculdade, e a prisão de amigos nos quartéis da ditadura e no DOPS, mudou-se para Paris.
Em Paris, conheceu Torquato Neto de quem tornou-se amigo. Em Londres, encontrou Gilberto Gil, Caetano Veloso e outros artistas exilados, estando com eles no “Festival da Ilha de Wight”, versão européia do “Festival de Woodstock”.
Voltando ao Brasil, reencontrou Torquato Neto e Gilberto Gil, mostrando-lhes alguns textos, os primeiros que lhe pareciam com um “sotaque” de letra de música. Mostrou algumas de suas poesias para Paulinho da Viola, de quem logo se tornou parceiro.
Publicou vários livros de poesias. Em 1978, assinando como Sergio Varela, publicou poemas na coletânea “Ebulição da Escrivatura”, pela Editora Civilização Brasileira. Em 1992, publicou poemas na “Antologia da Nova Poesia Brasileira” (Editora Hipocampo/Rio Arte), organizada pela poeta Olga Savary.
Em 1997, lançou seu primeiro livro de poesias, “O Surfista no Dilúvio” (Editora Sette Letras), livro no qual condensou mais de 20 anos de trabalho poético. Em 2009 relançou dois livros de poesias pela Editora Booklink: “O Surfista no Dilúvio” e “Minimal Necessário”.
No ano de 2014 foi um dos autores do livro “1973 – O Ano Que Reinventou a MPB” (Sonora Editora), organizado pelo Célio Albuquerque, com a participação de vários colaboradores, Rildo Hora, Antônio Carlos Miguel, Luís Pimentel, Marcelo Fróes, Regina Zappa e Roberto Muggiat, entre outros.
Em 1994, ganhou prêmio na categoria “Poesia” com a trilogia “Caricas I, II e III” no “Concurso Stanislaw”, da Rio Arte.
Embora com cerca de 300 canções gravadas, Sérgio recebe, em média, R$ 1 mil por mês de direitos autorais. Tem uma aposentadoria por invalidez, mas a soma não cobre as despesas com o pagamento ao ‘Retiro’, a compra de 10 remédios, fisioterapeuta, fonoaudióloga, neurologista e cuidadores.
Parabéns, Sérgio Natureza!!!
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