Rio de Janeiro - Carlos Drummond de Andrade que, se vivo, faria hoje 120 anos, foi um poeta, contista e cronista brasileiro, considerado por muitos o mais influente poeta brasileiro do século XX.
Já se disse tudo sobre Drummond, afinal, o poeta foi um dos principais nomes da poesia na segunda geração do modernismo brasileiro.
Drummond foi um dos meus ídolos. Foi uma das quatro personalidades que tive o prazer de conhecer. Os outros foram Luis Fernando Veríssimo, Lan e Otélo Caçador.
Ganhei dele um autógrafo (desenho acima) que guardo com todo carinho. Para comemorar seu aniversário, escolhi um de seus poemas mais conhecido.
POEMA DE SETE FACES
Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
A tarde talvez fosse azul,
não houvesse tantos desejos.
O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
Para que tanta perna, meu Deus,
pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.
O homem atrás do bigode
é sério, simples e forte.
Quase não conversa.
Tem poucos, raros amigos
o homem atrás dos óculos e do bigode.
Meu Deus, por que me abandonaste
se sabias que eu não era Deus
se sabias que eu era fraco.
Mundo mundo vasto mundo,
se eu me chamasse Raimundo
seria uma rima, não seria.
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