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HEMINGWAY NUNCA BEBEU AQUI

Rio de Janeiro - Ernest Hemingway era alcoólatra. 

O genial escritor era um pinguço internacional. Bebeu em várias cidades do Mundo. Bebeu em Cuba; bebeu em Nova Iorque; bebeu em Veneza; bebeu em Barcelona; bebeu em Hong Kong; e, claro, bebeu em Paris.

Hemingway entornava de tudo, desde absinto até grappa, passando por gim, Bourbon, vinho e cerveja. Sem falar que o romancista inventou seu próprio drink, o ‘Mojito’.

O escritor norte-americano conseguiu a proeza de tornar seu próprio nome um roteiro etílico.

Hemingway frequentou centenas de bares pelo mundo e muitos deles, até hoje, rendem homenagens ao escritor. São fotos, placas e autógrafos expostos nas paredes dos botecos que frequentou. Fazem disso uma atração turística. Até foram inventados coquetéis que levam seu nome, como o ‘Hemingway Daiquiri’.

Ernest Hemingway
Foto: U.S. National Archives and Records Administration - 

Mas, mesmo bares onde Hemingway nunca pisou, homenageiam o escritor. O ‘El Cuchi’, um boteco de Madri, nos arcos da Plaza Mayor, na Espanha, ostenta uma placa com os dizeres ‘Hemingway nunca bebeu aqui’.

Vários recordes de ingestão de bebidas alcoólicas desses bares são de Hemingway e nunca foram batidos. 

No ‘El Floridita’, de Havana, por exemplo, colocaram uma estátua sua no balcão para relembrar os 16 daiquiris duplos que entornou no dia do seu aniversário. 

No ‘Harry’s Bar’, de Veneza, ele também tem a fama de ser o maior bebedor de ‘Bellinis’ que já pisou por lá. 

Acho que ninguém foi capaz de celebrizar o ritual da bebedeira como  Hemingway. O escritor era capaz de beber igualmente com presidentes, duques, políticos, pescadores, policiais, bandidos, artistas, vagabundos e prostitutas. 

Gostava tanto dos bares e dos drinks que os colecionava ao redor do mundo. Escolhia-os a dedo e tornava-se fiel frequentador. Tornava-se amigo dos bêbados e das prostitutas que lhe faziam companhia. Conversava muito. Embora falasse mais que ouvia. 

O ‘Harry 's Bar’, um dos preferidos do escritor, é citado várias vezes no livro “Na Outra Margem, Entre as Árvores”. Passaram por lá Orson Welles, Truman Capote e Georges Braque e outros pinguços famosos. 

Hemingway carregava no corpo as marcas de suas bebedeiras. Diversas vezes se envolveu em algum acidente por causa do álcool. O mais famoso deles foi em 2 de julho de 1961, em Ketchum, Idaho, EUA, quando, depressivo, decidiu colocar fim à própria vida,  metendo uma bala na boca. 

Ediel Ribeiro (RJ)

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Ediel Ribeiro é carioca. Jornalista, cartunista e escritor. Co-autor (junto com Sheila Ferreira) do romance "Sonhos são Azuis". É colunista dos jornais O Dia (RJ) e O Folha de Minas (MG). Autor da tira de humor ácido "Patty & Fatty" publicadas nos jornais "Expresso" (RJ) e "O Municipal" (RJ) e Editor dos jornais de humor "Cartoon" e "Hic!". O autor mora atualmente no Rio de Janeiro, entre um bar e outro.

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