Opinião

Deus e o diabo na terra da democracia

Contagem - É indiscutível que a redemocratização pela qual passou o Brasil a partir de 1988 com sua nova Constituição, mais conhecida por Constituição Cidadã, trouxe avanços consideráveis para a população. Debates sobre inclusão dos denominados grupos minoritários foram incluídos em pautas de debates e, até ações concretas ocorreram com o intuito de que indivíduos desses grupos antes marginalizados no processo de tomada de decisão fossem estimulados a participar do mesmo.

Porém, nada são flores e a democracia está em risco no país. O que demonstra isso é a necessidade de em pleno momento eleitoral ser necessário escrever uma carta em defesa da democracia. Essa conta até agora com mais de 800 mil assinaturas. Como se não bastasse dois novos personagens entraram no debate político: Deus e o diabo. 

Em seu discurso se apresentando como pré-candidato ao Palácio do Planalto, Jair Messias Bolsonaro cede seu momento de fala para sua esposa Michelle Bolsonaro que realiza um discurso religioso/político. Naquele momento a então primeira dama já indicava o caminho pelo qual seguiria a campanha de seu cônjuge. 

O mesmo discurso é realizado em uma igreja na região central de Belo Horizonte por Michelle. Segundo ela antes de seu marido estar no governo federal a cadeira política mais importante do país era consagrada aos demônios. Sim, isso mesmo aos demônios. Poucos dias após ela compartilha em suas redes sociais uma foto do principal adversário de seu marido em um culto da umbanda dizendo que falar em Deus em campanha política não se pode, mas estar em culto daquele tipo era aceito.

bem e mal
Getty Images - 

A entrada do chamado neopentecostalismo na política não é novidade. Esse ramo do pentecostalismo é agressivo na defesa de seus interesses. Ao contrário de outros do mesmo segmento, são conservadores em seus costumes e usam do marketing para alcançar um maior número de fiéis. Por isso a necessidade de investimento em veículos de comunicação como rádios, televisão e jornais. 

Atualmente a igreja denominada evangélica neopentescontal e seus líderes não possuem investimentos apenas nessas áreas para o evangelismo, mantém outros. Por isso a necessidade de apoiar líderes políticos que defendam seus interesses que também são comerciais e financeiros.

Sendo assim, o debate concentrado entre Deus e o diabo, o bem contra o mal esconde na realidade interesses que estão escusos. Primeiro, a incompetência do atual governo e candidato à reeleição em produzir políticas públicas voltadas à população que delas necessitam. Segundo, a relevância de pautas econômicas para as igrejas neopentecostais com seus investimentos realizados.                                  

Tudo isso revela a importância de defender nesse momento a democracia e, permitir que o debate seja em favor das necessidades pelas quais o povo, principalmente o chamado grupo minoritário, está passando. Por isso a carta em favor da defesa da democracia ter suma relevância.

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