Defeitos também são qualidades, no sentido de que qualificam, dão uma referência, tornam um objeto ou pessoa alguma coisa que os distinguam de outros. Afinal uma má qualidade não deixa de ser uma qualidade, algo que qualifica. Estamos entendidos?
Assim sendo, um maluco, um burro e um mal-intencionado são pessoas com uma qualificação que as distingue de outras. Pode ser uma de cada, duas de três ou admiravelmente as três, completando um trígono digno de ser considerado um ser qualificado ao extremo, uma tríplice coroa da total insanidade.
Diz-se que um maluco todos respeitam. Afinal, de um maluco pode sair coisas inesperadas ou simplesmente não sair coisa alguma. De um burro esperamos coisas indizíveis, dignas de espanto, de fazer o dicionário e a gramática mirarem-se incrédulos, dando graças por nunca terem pensado naquilo antes. De um mal-intencionado pode vir coisas diferentes. Um mal-intencionado não é, necessariamente, um burro ou um maluco. Mas pode se passar pelas duas coisas apenas para praticar suas más intenções.
Coisa de maluco não é mesmo, e necessariamente a burrice não precisa fazer parte disso. Logo, um mal-intencionado pode ser maluco, mas não precisa ser um burro, e não faria sentido em sê-lo. Se faz de burro apenas porque é mal-intencionado.
Imaginem um maluco, um burro e um mal-intencionado conversando? Incrível. O que não sairia de uma conversa assim!
Olhemos em volta, nos noticiários de TV, celebridades divergindo sobre abobrinhas e podemos ver neles, ou em alguns deles ou em todos eles os predicados que mencionei. E então, caso você não se considere em nenhum dos casos, você poderia estar na situação de não ser maluco para discutir sobre isso, um burro o suficiente para tentar argumentar com isso ou pode ser um mal-intencionado do bem. Está ali só para se divertir.
De boas intenções o inferno está cheio.
Quando assistimos celebridades falando abobrinhas sobre assuntos sobre os quais não têm qualquer domínio, poderíamos defini-los como malucos, burros ou mal-intencionados? Uma salada de qualidades.
Que tal ser maluco o suficiente para assisti-los, burro o suficiente para tentar entendê-los ou mal-intencionados o suficiente para rir um pouco. É como um filme bem antigo chamado “Esse mundo é dos loucos”. Somos loucos o suficiente para nos divertir com eles?
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