A população não branca (pretos, pardos, indígenas), segue sendo a vítima preferida do Estado. São muitos os modos de matar: de vírus, de fome, de bala de fogo, de narrativas inferiorizantes. 

Temos duas formas de reagir. A primeira é se esquivar cabisbaixo por entre os becos e vielas, sempre sob a mira do inimigo, com respiração ofegante e coração aos pulos, temendo o pior, pronto pra guerra. Desconfiando de todos, maldizendo o mundo. O cheiro é de pólvora, o espírito tá opaco, tem sempre uma bomba prestes a decepar o nosso braço. Fazê o quê se é assim? Miséria traz tristeza e vice-versa! 

A segunda é, acordar todos os dias pela manhã, e antes mesmo de escovar os dentes, se lembrar que somos filhas e filhos dos maiores heróis e heroínas que a História já conheceu. Não apenas porque os nossos antepassados sobreviveram ao extermínio em massa praticado na escravidão, mas principalmente porque está em África, nossa Terra-mãe, as primeiras descobertas de nossa civilização. O saber médico, sanitário, a agricultura, a pecuária, a metalurgia, a escrita, os cálculos matemáticos, as primeiras agregações urbanas e o universo astronômico. 

Sim, foram os nossos tataravós que ensinaram aos portugueses as técnicas do plantio da cana de açúcar, do café e de outras culturas agrícolas implementadas no Brasil. Essa história, sim, é o certo pelo certo!  

Após nutrir-se dessa força ancestral, é momento de cuidar da sua mente, do seu corpo e do seu coração, tal como você faria se estivesse cuidando de Deus! 

Inspirar, expirar, esticar o corpo, puxar os ombros para cima e para baixo, girar o pescoço lentamente. Sentir o corpo. Existe algum desconforto? Alguma dor ou peso nas articulações? Que tal uma automassagem nessa região? 

E o que eu posso fazer nesse dia para trazer mais bem estar para o meu corpo, o meu templo sagrado? Ao invés do usual café preto e pão com manteiga, um suco de laranja com beterrabas cairia bem?  

E quanto ao meu coração, esse centro de consciência emocional. Como anda seu batimento? lento, normal ou acelerado? Há tristeza? Mágoas? Raiva? Como transmutar esse sentimento-vibração? Desabafar com um amigo? Ouvir uma música alegre? Receber um abraço? Inspirar e expirar novamente, deixar o ar entrar profundamente. O bem pode apagar o mal enraizado, afinal de contas quem abre a porta pro vampiro é o dono da casa.  

Por último, tomar um banho sentindo cada gota de água cair sobre você, sentir a força da água, reconhecendo que ela te abençoa para mais um dia de importantes buscas e encontros. Vestir a sua roupa predileta do Makebas Brechó, integrando o autocuidado com o respeito pelo meio ambiente e a saúde animal, convicta de que apesar do  mundo lá fora, nós combinamos de não morrer, e mais do que isso, combinamos de sonhar e de bem viver!