Itabira celebra 177 anos de história, poesia e desenvolvimento
Cidade símbolo da mineração e berço de Carlos Drummond de Andrade comemora mais um ano de emancipação política

Itabira comemora nesta quinta-feira (9) 177 anos de emancipação política. Localizada no coração de Minas Gerais, a cidade tem uma trajetória marcada pela descoberta do ouro, pelo protagonismo na mineração do ferro e pela riqueza cultural que atravessa séculos.
A história de Itabira começa em 1698, quando o escritor Sebastião da Rocha Pita registrou a “descoberta” da região em sua obra História da América Portuguesa. O povoamento, no entanto, só teve início em 1720, com a chegada dos irmãos Francisco e Salvador Faria de Albernaz, descendentes de bandeirantes, vindos de São Paulo. Vieram em busca de escravos, mas encontraram ouro nos ribeiros que corriam pelas encostas do Pico do Cauê — o mesmo que daria origem ao nome da cidade.
Durante algum tempo, os irmãos Albernaz exploraram sozinhos as riquezas locais. Aos poucos, as notícias sobre o ouro se espalharam e atraíram novos exploradores. Assim nasceram os primeiros povoados às margens dos riachos que corriam ao pé do pico, em terras antes ocupadas por povos indígenas — um período de muitos conflitos e transformações.
No fim do século XVIII, o povoado já estava consolidado e passou a se chamar Sant’Ana do Rosário. Anos depois, foi construída uma capela em honra a Nossa Senhora do Rosário, que foi consagrada padroeira do povoado. Mais tarde, o local tornou-se distrito de Caeté e recebeu o nome de Itabira do Mato Dentro, por alvará de 25 de janeiro de 1827. Em 7 de outubro de 1833, foi elevada à categoria de vila, e pela lei provincial nº 374, de 9 de outubro de 1848, conquistou o título de cidade, mantendo o nome Itabira do Mato Dentro. Com dois distritos (Sede e São José da Lagoa), o território de Itabira englobava ainda a área que se desmembraria mais tarde, em 1911, para dar origem ao município de Antônio Dias. São José da Lagoa emancipa-se em 17 de dezembro de 1938 com o nome de Presidente Vargas (hoje Nova Era). Atualmente restam o Distrito-Sede, Ipoema e Senhora do Carmo.
Em 1891, a cidade retirou de seu nome a expressão “Mato Dentro”, consolidando a identidade que carrega até hoje: Itabira — palavra de origem tupi que significa “pedra que brilha”, referência ao Pico do Cauê.
O ouro foi o início da história econômica de Itabira, mas o ferro a transformou em potência. Quando a mineração aurífera entrou em declínio, entre o final do século XVIII e o início do XIX, começaram a surgir as primeiras forjas. Domingos Barbosa foi responsável por introduzir as técnicas de fundição de ferro, e Manoel Fernandes Nunes instalou a primeira fábrica do tipo, produzindo ferramentas, armas e outros objetos.
Em 1816, a Fábrica do Girau se tornou um marco do desenvolvimento local. Mais tarde, vieram as fábricas de tecido — a do Gabiroba, em 1876, e a do Pedreira, em 1888. No século XX, Itabira ganhou destaque mundial quando, no XI Congresso Geológico Internacional, realizado em 1910, na Suécia, foi revelado que a cidade abrigava algumas das maiores jazidas de minério de ferro do planeta.
Um ano depois, em 1911, o governo federal autorizou a Itabira Iron Ore Company a explorar o minério da região. Décadas mais tarde, em 1942, nasceu a Companhia Vale do Rio Doce, hoje uma das maiores mineradoras do mundo — e que teve em Itabira o ponto de partida de sua história.
Com a Revolução de 1930, Getúlio Vargas determinou que os prefeitos fossem nomeados pelos interventores estaduais. Em 1931, Olegário Maciel, interventor em Minas Gerais, designou o coronel Antônio Linhares Guerra, então presidente da Câmara, como prefeito de Itabira.

Berço do poeta Carlos Drummond de Andrade, Itabira é também conhecida como a “cidade da poesia” e “cidade do ferro”. Drummond imortalizou o município em versos que atravessam gerações e colocam Itabira no imaginário cultural brasileiro.
O desenvolvimento urbano e econômico ganhou novo fôlego a partir da década de 1960, com o Plano de Expansão da Vale e a construção do “Projeto Cauê”, que ampliou a exploração mineral e impulsionou o crescimento da cidade.
Hoje, Itabira mantém seu protagonismo regional com duas instituições de ensino superior privadas — Una e UniFuncesi — e uma universidade federal, a Unifei. Na área da saúde, destacam-se o Hospital Nossa Senhora das Dores, fundado em 1859 pelo padre José Felicíssimo, e o Hospital Carlos Chagas, construído pela Vale e posteriormente transferido para o município.
Aos 177 anos, Itabira celebra uma história rica em tradição, cultura e trabalho. De “pedra que brilha” a “cidade da poesia”, o município segue como um dos pilares da identidade mineira — um lugar onde o ferro, a história e a literatura se encontram.
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