Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira (9) que o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, entrou em contato com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para discutir a retirada das tarifas extras aplicadas sobre produtos brasileiros exportados aos EUA. A negociação dá sequência à conversa entre Lula e Donald Trump, realizada por videoconferência na segunda-feira (6).

“Confesso que fiquei surpreso com o resultado da conversa, porque parecia impossível”, disse Lula, em entrevista a uma rádio baiana. Ele contou que Trump o tratou “de forma gentil e civilizada” e destacou que os dois trocaram telefones para manter uma linha direta de diálogo. Um encontro presencial entre ambos deve ocorrer em breve.

Lula reforçou a intenção de manter uma relação “cordial e respeitosa” com os Estados Unidos, sem abrir mão da soberania nacional.

“Somos dois senhores de oitenta anos que presidem as maiores democracias do Ocidente. Precisamos transmitir ao mundo cordialidade e harmonia, não discórdia e briga”, afirmou.

Segundo nota oficial do Itamaraty, Rubio convidou Vieira para uma reunião em Washington, em data a ser definida, para “dar seguimento às questões econômico-comerciais prioritárias” entre os dois países. Equipes técnicas de ambos os governos já iniciaram os preparativos para o encontro.

A reaproximação ocorre em meio à escalada tarifária imposta pelo governo norte-americano. Em julho, a Casa Branca elevou em 40% as tarifas sobre produtos brasileiros, além da alíquota-base de 10% criada em abril. A medida foi apresentada como retaliação a decisões políticas e judiciais brasileiras, entre elas a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado.

Essa imposição tarifária gerou desgaste entre as duas nações, que mantêm mais de 200 anos de relações amistosas, e vem causando prejuízos econômicos para ambos os lados. O contato direto entre Trump e Lula, e agora entre Rubio e Mauro Vieira, representaria um esforço para reduzir essas tensões e restabelecer o diálogo comercial e a confiança entre os dois países.