Coluna

O FIM DA MAD

Rio - Ao ver as recentes postagens de antigas capas da revista Mad, feitas pelo meu amigo - e talentoso cartunista - Nei Lima, lembrei que faz quatro anos que a Mad deixou de circular.

A Mad, uma das minhas revistas favoritas de humor, chegou ao fim em 2017, depois de 40 anos no Brasil. Em 2018, em um dos encontros que tive com o cartunista Ota - editor da revista de 1974 a 2008 - falei da minha surpresa com o fim da Mad brasileira.

Mas havia o consolo - dizia ele - de que pelo menos havia a Mad americana. 

Agora, nem isso.

REVISTA MAD
Alfred E. Neuman (Divulgação) 

A revista de humor satírico, fundada em 1952, que se tornou um ícone do humor mundial, anunciou o fim da publicação de novo conteúdo. 

A notícia entristeceu fãs de quadrinhos em todo o mundo. Foram 67 anos, 550 números, 22 edições internacionais e milhares e milhares de páginas de charges, cartuns, tirinhas e piadas em geral. 

A Mad americana acabou com sua edição impressa e se limitará a existir online, com publicação de matérias já publicadas e só publicará material novo nos especiais de fim de ano.

Desde o início, a Mad sempre foi uma revista diferenciada. Trazia um humor tosco, irreverente, agressivo; mas quase sempre inteligente, carregado de sátira e crítica social, e impecavelmente bem desenhado. 

Na revista, que começou em 1952 sob a batuta do genial Harvey Kurtzman, a arte sempre foi uma preocupação maior. Espaços em branco não eram bem-vindos; entupia-se os fundos de piadas visuais, gags, e referências ocultas.

Kurtzman teve papel central nessa primeira etapa. Além de escrever grande parte do material, criou o logo da revista, deu vida a Alfred E. Neuman e desenhou diversas capas.

Por aqui, a história da Mad começou em 1974. Lançada pela editora Vecchi, a revista passou por diversas editoras até que fechou definitivamente em 2017. 

“No Brasil, a revista alcançou grandes tiragens. A recordista foi a edição 20 da Vecchi (Tubarão na capa) cuja tiragem foi de 210 mil. Depois estabilizou-se em 150 mil. Quando esteve na mão da Record também voltou a este patamar na época do Plano Cruzado. Aos poucos foi caindo e parou em 2000, quando vendia 8 mil. 

Na editora seguinte, a Mythos, continuou nessa faixa. Soube que na Panini chegou a vender apenas 3 mil. Em 2016 deixou de sair, voltando um ou dois anos depois numa edição especial pra aproveitar o filme da Liga da Justiça.” - disse Otacílio Costa d`Assunção Barros, o Ota, que participou da revista - como cartunista ou editor - nas quatro décadas em que ela esteve em circulação no Brasil.

A Mad, no Brasil, marcou uma geração de leitores e cartunistas. Ícone do humor ácido e politicamente incorreto, revelou inúmeros cartunistas, redatores e humoristas. A revista é parte da tradição do humor em quadrinhos brasileiro, e inspirou jornais como ‘Pasquim’, ‘Casseta Popular’, ‘Planeta Diário’ e ‘Cartoon’.

Mas, não se preocupem, o humor jamais morrerá. Como dizia Alfred E. Neuman em seu famoso bordão:"Quem, eu, me preocupar?"

Ediel Ribeiro (RJ)

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Ediel Ribeiro é carioca. Jornalista, cartunista e escritor. Co-autor (junto com Sheila Ferreira) do romance "Sonhos são Azuis". É colunista dos jornais O Dia (RJ) e O Folha de Minas (MG). Autor da tira de humor ácido "Patty & Fatty" publicadas nos jornais "Expresso" (RJ) e "O Municipal" (RJ) e Editor dos jornais de humor "Cartoon" e "Hic!". O autor mora atualmente no Rio de Janeiro, entre um bar e outro.

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