Rio - Ninguém em Brasília está falando sobre a crise que assola o país.
Mas há uma crise em andamento, e está se tornando cada vez mais séria, só o presidente Bolsonaro não vê.
Uma não. Várias.
Estamos vivendo um momento catastrófico de crise sanitária, econômica, política, social e moral.
Segundo o ministro da Economia, Paulo Guedes, falta tudo e não há dinheiro para nada.
“Não há dinheiro para pagar o auxílio emergencial; não há dinheiro para a compra de vacinas; não há dinheiro para oxigênio… Até a cervejinha e a picanha para o churrasco do Exército estão correndo risco” - disse o ministro
Ninguém sabe disso, mas o presidente está tomando todas as providências para sanar todas essas crises, em especial, a econômica.
O presidente, em conversa com o ministro da economia, disse: “Nós não podemos deixar a inflação colocar em perigo e liquidar com os últimos dois anos de crescimento e prosperidade sem precedentes na história do país”.
Paulo Guedes segurou o riso.
Não assisti a íntegra da conversa entre o presidente e o ministro Paulo Guedes, mas posso imaginar que deve ter sido alguma coisa parecida com isso:
- Guedes, precisamos votar o orçamento para 2021.
- Presidente, antes precisamos rever alguns itens do orçamento. O projeto destina R$8,3 bilhões para investimento no Ministério da Defesa. É muita coisa! Isso é um quinto (22%) do total aportado pelo governo federal - disse o ministro, lambendo a ponta do lápis.
- Qual o problema na ‘cuestão’ disso daí? - Os militares precisam de reajuste salarial, sim - sentenciou o presidente.
- A questão é que pela PEC emergencial as Forças Armadas devem ser a única categoria a receber reajuste salarial. Os demais servidores públicos terão o salário congelado até dezembro, e isso não parece justo.
- Os demais servidores terão que entender. Nós estamos sem recursos. Não dá para dar aumento a todo mundo. Alguns tem que ir para o sacrifício, taokey?
- Mas, presidente, o reajuste dos militares compromete R$7,1 bilhões da arrecadação federal. Nós estamos sem verba até para o auxílio emergencial.
- Os pobres também têm que dar sua cota de sacrifício, entende? Eu não sou o Rock Hudson que tira dos ricos para dar para os pobres.
- É Robin Hood, presidente.
- É isso daí. Até porque ele era um fora-da-lei.
- Mas, presidente, isso é muito mais do que o orçamento destina para o Sistema Único de Saúde. Em meio a pandemia do coronavírus, com hospitais em lotação máxima, falta de vacina, seringas, leitos e oxigênio, o SUS foi contemplado no projeto com aumento de apenas R$1,2 bilhão, na comparação com o ano passado.
- O SUS sempre foi problemático. Desde a época do Partido dos Trabalhadores. o PT ficou 30 anos no poder e o que foi que eles fizeram contra o coronavírus? Nada! Vocês não vão querer, agora, que eu resolva tudo de uma vez, né?
O ministro achou melhor não informar ao presidente que 30 anos atrás ainda não havia o vírus.
- Outra ‘cuestão’: vou criar um novo Ministério.
A notícia pegou o 'Posto Ipiranga' de surpresa:
- Mais um ministério, presidente? O senhor prometeu comandar o país com 15 ministérios. Já tem 23, e ainda quer criar mais um!? O último, o senhor criou para agradar o Centrão, quem o senhor pretende agradar desta vez?
- A ‘cuestão’ não é essa daí, taokey? Vou criar o ministério da Amazônia porque eu tô achando que a Amazônia está muito abandonada. O Mourão e o Salles não estão dando conta. E depois, eu preciso blindar o Pazuello, e com aquele uniforme camuflado a mata é um ótimo lugar.
- Presidente o país não tem recursos para sustentar tantos ministérios e seus penduricalhos. Nós já estamos com dois ministros na Saúde, o senhor quer agora colocar mais um no Meio Ambiente? O senhor vai ter que extinguir um ministério se quiser criar outro. Assim o desperdício é menor.
- Tudo bem. Vamos acabar com o Ministério da Saúde.
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