Coluna

PAULO MENDES CAMPOS

Arquivo / Divulgação

Rio de Janeiro - Abro o jornal (sim, ainda leio jornal de papel) e, para minha surpresa, dou de cara com Paulo Mendes Campos.

Não sei você, leitor, mas eu sou do tempo em que os jornais traziam textos belíssimos de Paulo Mendes Campos, Carlos Drummond de Andrade, Zuenir Ventura, João Ubaldo Ribeiro...

Quando, ainda jovem, começava no jornalismo, batucando na minha velha Remington (algum leitor lembra das máquinas de escrever?) o cronista, poeta e escritor Paulo Mendes Campo já escrevia no Jornal do Brasil. Eu lia.

Nas páginas da “Piauí” (que uns chamam de revista, mas, para mim, é jornal) a jornalista Elvira Bezerra traça um gostoso perfil do escritor Paulo Mendes Campos.

Alguns trechos:

“Além de excelente escritor, Paulo Mendes Campo era também boêmio de carteirinha. Declarava-se conhecedor de botequins de Minas Gerais à China, passando pela Rússia, até a alemã Göttingen.

Em seus manuscritos, Campos listou uma “Galeria de bêbados famosos”. Nela os bons de bico eram listados por nacionalidade. Começando pela Grécia, com Anacreonte, passando pela China, com o poeta Li Po (ou Li Bai), até o Brasil, com Vinicius de Moraes e Lima Barreto, sem levar em conta o nível de relação de cada um com o álcool. Bêbados, apenas.

Na crônica “Os bares morrem numa quarta-feira”, ele louva as instalações do Juca’s Bar, na rua Senador Dantas, que inovou com o ar-condicionado; homenageou o rosbife servido de entrada no bar do Hotel Central, na praia do Flamengo; exaltou o Nacional e o Lidador, dos bares mais tradicionais que conheceu nos primeiros meses de Rio de Janeiro.”

A jornalista seleciona algumas frases memoráveis do escritor. 

“Bebia-se com destemor, é verdade, mas naquele tempo o uísque era sempre do melhor e os nossos fígados jovens ainda podiam transformar o álcool etílico em arroubos de amor e poesia”. 

“Aviso aos jovens abstêmios: A velhice é uma ressaca diária. E sem cura.” 

“Sabedoria... seria anoitecer como um bêbado e amanhecer como um abstêmio.” 

“Tão desagradável quanto tomar um bonde errado é tomar um bar errado.”

“Quando se fala em mulher livre, estremeço. Livre como o bêbado que repete o mesmo caminho de sua fulgurante agonia.”

Paulo Mendes Campos nasceu em Belo Horizonte, em 28 de fevereiro de 1922 e faleceu no Rio de Janeiro, em 1 de julho de 1991.

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