Rio de Janeiro - No ano em que o Maracanã completa 70 anos, o “Maior do Mundo” e o futebol brasileiro perdem uma de suas grandes estrelas. Morreu, nesta segunda-feira (15), Mário José dos Reis Emiliano, o “Marinho”, aos 62 anos.
Ex-ponta-direita, com passagens pelo Atlético Mineiro, Bangu, Botafogo e Seleção Brasileira, Marinho estava internado no CTI do Hospital Alberto Cavalcante, em Belo Horizonte (MG), com problemas de cirrose e câncer no pâncreas.
Nascido em Belo Horizonte, no bairro Betânia, Marinho era, desde pequeno, apaixonado por futebol. De família pobre, tinha sete irmãos. O pai deixou a casa da família quando Marinho ainda era pequeno.
Apoiado pela mãe, dona Efigênia, o menino começou nas categorias de base do Galo, onde chegou ao profissional, em 1974 e ficou até 1978.
“Eu fui para o infantil. O treinador era o Zé das Camisas. Cheguei na Vila Olímpica e fiquei fascinado. Ver Dario, Telê... Tinha vergonha de chegar perto deles”, disse.
Veloz, habilidoso e dono de cruzamentos perfeitos, o ponta-direita cedo se destacou chegando ao time juvenil e, de lá, aos profissionais, em um time fantástico que tinha Reinaldo, Cerezo, Danival, Paulo Isidoro e Marcelo.
Com a camisa alvinegra, ele participou de 118 jogos e marcou 21 gols. Ao todo, conquistou sete títulos com o Galo: bicampeão da Taça São Paulo (1974/76), bicampeão mineiro (1976 e 1978), bicampeão da Taça Minas Gerais (1975/76) e campeão dos campeões (1978).
Em 1978 transferiu-se para o América de São José do Rio Preto. Num jogo contra o Bangu, no Rio de Janeiro, em 1982, Marinho deixou Castor de Andrade encantado com seu futebol.
“Foi um jogo pelo Rio-São Paulo, acho. Ganhamos do Bangu por 2 a 0. Fiz os dois gols. O Castor de Andrade ficou louco comigo e mandou me contratar.”, disse.
Em 1985, foi o destaque da final do Campeonato Brasileiro pelo Bangu e venceu o prêmio da Bola de Prata, como melhor ponta-direita, e a Bola de Ouro da “Revista Placar” como melhor jogador do Campeonato Brasileiro.
Logo depois, junto com Mauro Galvão e Paulinho Criciúma fez parte de uma negociação, no mínimo estranha entre Bangu e Botafogo.
“Fomos trocados mas não por outros jogadores. Disseram-me que fomos trocados por pontos do jogo de bicho do presidente do Botafogo, Emil Pinheiro, também bicheiro, que o Dr. Castor queria.” disse.
No Botafogo, foi bicampeão carioca (1989/90).
Na época, vivendo em uma casa de luxo em Jacarepaguá, enquanto concedia uma entrevista ao jornalista Marcelo Rezende, da Rede Globo, se deparou com uma tragédia. Seu filho mais novo, Marlon, então com um ano e sete meses, caiu na piscina e morreu afogado.
A dor com a perda do filho fez o mundo de Marinho virar de cabeça para baixo. Depois da tragédia, o jogador se separou de sua esposa, Tânia e se entregou à bebida e as drogas.
Em seu declínio, chegou a morar em sua Mercedes e a pedir esmolas por Realengo e Bangu. Estacionava em qualquer lugar e dormia ali mesmo.
A recuperação parcial veio com a ajuda de Ado, seu ex-colega no clube de Moça Bonita.
Foi treinador da escolinha e trabalhou como assistente no clube de Moça Bonita.
Foi essa época que o conheci. Cheguei a jogar com ele , Ado e Marco Antônio numa equipe de veteranos do Bangu.
Apesar de todo o drama pessoal por que passou, Marinho conservava a alegria e o sorriso dos tempos de glória. Ele divertia todo mundo. Era amigo de todos.
Na época, já com a saúde debilitada, Marinho foi levado por João Marinho e Priscila, filhos do primeiro casamento, de volta a BH onde foi viver - juntamente com o outro filho, Steve - seus últimos dias.
O craque que no campo driblava como ninguém, na vida não conseguiu driblar a doença, a bebida e as drogas.
O Bangu aposentou a camisa 7, em sua homenagem.
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