- Parabéns, Athaliba! O seu livro “Cantando para não enlouquecer”, biografia da cantora Elza Soares, que escreveu em parceria com José Louzeiro, figurou na pesquisa sobre os Livros essenciais do samba, embora não tenha ficado entre os 50 primeiros colocados. Enaltecido por pesquisadores, o livro está servindo, essencialmente, como base do desenvolvimento do enredo “Elza Deusa Soares”, homenagem que a escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel prestará à artista, no desfile do Carnaval deste ano, no sambódromo, no Rio de Janeiro.
- Muchas gracias, Marineth. É importante ressaltar, acima de tudo, o projeto da pesquisa idealizado pelo pesquisador Eduardo Pontin, junto com Fernando Paiva, integrantes do Instituto Glória ao Samba – IGS. Aliás, o IGS realiza atividades de resgate e preservação da manifestação cultural popular do país, o samba, patrimônio nacional, num momento em que o governante mito pés de barro do Brasil tenta jogar no lixo a cultura brasileira. Fiquei lisonjeado com o resultado da pesquisa, pois, afinal, entre os jurados estiveram o jornalista e escritor Sérgio Cabral (o pai, não o filho dele, ex-governador, que está na prisão), J. Muniz Jr., Jairo Severino, o produtor de discos Pelão, Ricardo Cravo Albin e Marília Trindade Barbosa da Silva, com a qual trabalhei na direção do Museu da Imagem do Som - MIS-RJ. Na nossa gestão criamos a “Roda de Samba do MIS” e o Bloco “MIS a MIS”, que desfilava da sub-sede da Praça XV à sede da instituição, na Lapa.
- Soube também, Athaliba, que ocê emplacou seis dos 10 livros indicados na classificação geral. São eles “Dança do samba – Exercício do prazer”, do teu saudoso amigo e jornalista José Carlos Rêgo; “Dicionário da história social do samba”, de Nei Lopes e Luiz Antonio Simas; “Paulo da Portela – Traço de união entre duas culturas”, de Marília Trindade e Lygia Santos, a filha de Donga; “Noel Rosa – Uma biografia”, de João Máximo e Carlos Didier; “São Ismael do Estádio: o sambista que foi rei”, de Maria Thereza Mello: e “A velha guarda da Portela”, de Carlos Montes (pai da cantora Marisa Montes) e João Baptista Vargens.
- Marineth, a pesquisa reuniu 80 especialistas e foi realizada de setembro a novembro do ano passado, indicando 10 livros que consideravam relevantes do gênero do samba. O resultado dará continuidade ao projeto do Instituto Glória ao Samba, com o título de “50 livros essenciais da literatura do samba”.
- Athaliba, dentre os 50 livros, em 1º lugar foi “As escolas de samba do Rio de Janeiro”, de Sérgio Cabral. “Noel Rosa – Uma biografia” ficou em 2º lugar. Em 3º lugar, “Paulo da Portela – Traço de união entre duas culturas” Vale destacar “Samba de sambar do Estádio”, de Humberto Franceschi; “Partido alto – Samba de bamba”, de Nei Lopes; “Tia Ciata e a pequena África do Rio de Janeiro”, de Roberto Moura; “Wilson Baptista – O samba foi sua glória”, de Rodrigo Alzuguir: e “Sambistas e chorões – Aspectos e figuras da Música Popular Brasileira”, de Lúcio Rangel.
- Marineth, todos os livros citados na pesquisa contribuem à preservação do samba, como, por exemplo, “Escolas de samba em desfile – Vida, paixão e sorte”, de Amaury Jório e Hiram Araújo; “Salgueiro: Academia de Samba”, de Haroldo Costa; “Pequena história da Música Popular Brasileira – Da modinha à canção de protesto”, de José Ramos Tinhorão; “História do carnaval carioca”, de Eneida; e “Samba de umbigada”, de Edison Carneiro.
- Athaliba, o que me deixa fascinada e orgulhosa com tudo isso é que o amor ao samba, o nosso patrimônio cultural popular, fez surgir o IGS, em 2017. Trata-se de uma instituição sem fins lucrativos. Não visa nenhum tipo de lucro monetário, dinheiro, apelidado de papel bordado, capilé. Todos os integrantes têm suas profissões e, como a larga maioria de nós, brasileiros, sobrevive do resultado do seu trabalho. Afinal, o que paga salário é produção, regra desse sistema capitalista selvagem (desde sempre), às vezes não respeitada. Se ocê trabalha tem que receber.
- Marineth, o IGS ainda dará muitos frutos à sociedade na área do samba. A instituição lançou ano passado o livro “Primeiras lições de samba”, de José Ramos Tinhorão. E, neste ano, lançara o LP “Portela 1959”, gravado pelo selo Festa e nunca distribuído no mercado fonográfico. O Eduardo Pontin, formado em Filosofia; diz que “a escassez bibliográfica sobre samba foi por muitos anos motivo de protesto de musicólogos e pesquisadores pioneiros como Mário de Andrade, Lúcio Rangel e José Ramos Tinhorão”. Para Fernando Paiva, ex-Roda de Samba de Uberlândia (MG), “a literatura sobre samba no Brasil não é tão rica quanto o gênero merece ter”
- Athaliba, vou enviar e-mails para integrantes do meu mailing, com mais de 4.500 nomes, indicando a leitura da pesquisa do IGS, assim como faço com as Crônicas do Athaliba. Sugiro aos leitores ouvir “Apoteose ao samba”, dos saudosos Silas de Oliveira e Mano Dècio da Viola, na voz de Paulinho da Viola, através do link: https://www.youtube.com/watch?v=xx8zop1S2Rw.
“Samba,
Quando vens aos meus ouvidos,
Embriagas meus sentidos,
Trazes inspiração,
A dolência que possuis na estrutura,
É uma sedução,
Vai alegrar o coração daquela criatura,
Que com certeza está sofrendo de paixão.
Samba,
Soprado por muitos ares
Atravessaste os sete mares,
Com evolução,
O teu ritmo que te torna ainda mais ardente,
Quando vem da alma de nossa gente.
Eu quero que sejas sempre meu amigo leal,
Não me abandones não,
Vejo em ti o lenitivo ideal,
Em todos os momentos de aflição,
És meu companheiro inseparável de tradição,
Devo-lhe toda gratidão,
Samba, eu confesso,
És a minha alegria,
Eu canto para esquecer a nostalgia”.
Comentários
Muito obrigado pelo carinho, Lenin Novaes! Você há muito milita pelo Samba há mais de 40 anos, pra nós é muito representativo tê-lo como parceiro! Para quem quiser conhecer a lista completa dos "50 Livros Essenciais da Literatura do Samba" e também o nome de todos os jurados, segue o link: https://jornalggn.com.br/noticia/especial-dia-do-samba-os-50-livros-essenciais-da-literatura-do-samba/ Em tempo, breve esse projeto se tornará livro, num lançamento do Instituto Glória ao Samba.