Coluna

LOR, DR. HUMOR

Rio - Há uns vinte anos, eu editava o “Cartoon” - um jornalzinho de humor que publicava “os orfãos do Pasquim” - quando fui “apresentado” ao chargista LOR. 

Eu selecionava os cartuns que entrariam no segundo número do jornal quando encontrei na minha mesa uma charge fantástica, que tinha sido publicada originalmente em 1978, no semanário "O Pasquim".

A charge - emblemática da época: estávamos em plena Ditadura Militar - mostrava uma parada militar que se desvia de um simples cachorrinho. 

Durante a ditadura, LOR foi acusado de ser terrorista, por seu  envolvimento com o movimento Corrente de Minas Gerais
Durante a ditadura, LOR foi acusado de ser terrorista, por seu  envolvimento com o movimento Corrente de Minas Gerais. (Divugação)

Na charge, LOR parecia não acreditar na força do regime, e ria dele. 

Eu tentei contato com o LOR para autorizar a publicação, mas  não consegui falar com o cartunista e a charge não foi publicada. 

Eu conhecia os cartuns do LOR, por seu trabalho no “Almanaque Humordaz”. Mas, foi com surpresa que conheci o lado politizado, critico, irônico e contestador do cartunista. 

Lor transita com desenvoltura por todas as áreas: cartum, charge, ilustração, quadrinhos e, se bobear, opera seu apêndice.

Sim. Afinal, Luiz Oswaldo Carneiro Rodrigues, o LOR, além de ótimo cartunista é médico.

Lor nasceu em Jesuânia, Minas Gerais, em março de 1949, é casado, pai de três filhas e avô de cinco netos. 

Autodidata, Lor é um cartunista que colaborou com “O Pasquim”, “Estado de Minas”, “Jornal do Brasil”, “O Dia”, “Diário Popular” (SP), entre outros veículos. 

Tornou-se cartunista em 1973. Em 1975 participou,  com outros cartunistas mineiros, da criação do “Almanaque Humordaz”, um jornalzinho que começou como uma pequena coluna no jornal “Estado de Minas” chamada “Humordaz”, escrita pelo jornalista Procópio.

Publicada aos sábados, no Segundo Caderno do “Estado de Minas”, a coluna do Procópio fez tanto sucesso que virou jornal. Para o tablóide Procópio convidou os amigos LOR, Nilson, Afo, Benjamin, Mário Vale, Clacchi, Aroeira e Dirceu. 

Nascia o “Almanaque Humordaz”, a maior contribuição daqueles cartunistas para a imprensa mineira.

Durante a ditadura, LOR foi acusado de ser terrorista, por seu  envolvimento com o movimento Corrente de Minas Gerais.

Referência como cartunista, o mineiro já recebeu inúmeros prêmios nacionais e internacionais. 

Lor lançou em 2003 o livro “O Segredo do Águas Virtuosas Futebol Clube” e, em 2004, "O desafio do Chande", ambos destinados a professores de Educação Física, especialmente aqueles que trabalham com crianças e adolescentes.

charge de Duke parada militar
Charge do Duke. (Divulgação)

A charge do cachorrinho , anos depois, ganhou uma nova versão feita pelo cartunista Duke, que  foi aluno do LOR aos 13 anos. Nela, o cachorro foi substituído por um menino espirrando.

Duke é fã do LOR. Aos 23 anos foi premiado num concurso de cartum que o LOR promoveu na  Universidade Federal de Minas Gerais e foi indicado para trabalhar no jornal O Tempo, onde ele trabalha até hoje.

Seu trabalho na imprensa de Minas Gerais, culminaria, em meado dos anos 90 com o projeto Engenho & Arte, do jornal "O Tempo", lançado à época.

De 1988 a 1997, LOR publicou charges no Boletim UFMG. 

LOR foi agraciado com o primeiro lugar no Salão Internacional de Humor de Piracicaba. No desenho premiado, com a acidez bem-humorada do cartunista, um pai mostra um mapa do Brasil para o filho e diz, com pesar: “nada disso será seu”.

LOR, com certeza, está entre os melhores cartunistas do país.

Ediel Ribeiro (RJ)

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Coluna do Ediel

Ediel Ribeiro é carioca. Jornalista, cartunista e escritor. Co-autor (junto com Sheila Ferreira) do romance "Sonhos são Azuis". É colunista dos jornais O Dia (RJ) e O Folha de Minas (MG). Autor da tira de humor ácido "Patty & Fatty" publicadas nos jornais "Expresso" (RJ) e "O Municipal" (RJ) e Editor dos jornais de humor "Cartoon" e "Hic!". O autor mora atualmente no Rio de Janeiro, entre um bar e outro.

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