Coluna

BOURBON STREET 

Rio - Quando perguntaram ao poeta Mário Quintana porque ele não saia de Porto Alegre, ele disse que não havia nada mais provinciano que morar no Rio ou São Paulo.

Concordo. 

Já não é mais moda morar no Rio ou São Paulo. As duas cidades já não tem a beleza, sofisticação e o glamour de antigamente. A noite, principalmente, mudou muito. 

Aqui no Rio, bares famosos fecharam as portas. Não existem mais O Bofetada, na Farme de Amoedo, onde Lúcio Rangel tinha cadeira cativa; o Jangadeiro, frequentado por Jaguar, Albino Pinheiro e Hugo Bidê, na Visconde de Pirajá; fecharam também o Mau-Cheiro, O Castelinho; O Zeppelin, na Visconde de Pirajá; e o Alpino, no Jardim de Alá.

Em São Paulo, não é diferente. Mas, procurando, você ainda encontra lugares interessante para curtir à noite.

Fomos, eu e a Sheila, conhecer o Bourbon Street Jazz Music, um misto de bar e casa de show, escondido em meio à calmaria residencial de Moema.

O icônico bar, considerado o melhor clube de jazz do Brasil, carrega o nome da rua mais badalada e famosa do French Quarter, bairro francês de Nova Orleans. Conhecida por seus bares, clubes de jazz e striptease a história desta rua oferece uma visão rica do passado de Nova Orleans.

A decoração e o cardápio tem influência de Nova Orleans. Lá, eles servem a famosa comida creole, típica da cidade americana - bastante apimentada - pimentas vermelhas inteiras enfeitam os pratos -, muito apimentada mesmo. 

No palco, o músico e cantor David Kerr e Trio fazia um show magnífico. Assistimos a apresentação próximos a um balcão em formato de piano - com teclas e tudo -, sentados em pequenas mesas com velas acessas que davam ao local um ar romântico e intimista.

Inaugurado em 1993 com show do músico americano B.B. King, o Bourbon Street é um templo do jazz, do blues e da soul music.

A guitarra do primeiro show de B.B King no Bourbon Street Street Jazz Music se encontra em exposição no bar (Foto: Ediel Ribeiro/Arquivo)

Mais de quinhentos artistas internacionais se apresentaram no acolhedor palco da casa. Ray Charles; B. B. King; Nina Simone; Betty Carter; George Benson; Diana Krall; Wynton Marsalis e Pat Metheny foram alguns deles. 

A atmosfera do lugar é tão mágica, que os músicos criaram uma expressão para definir o Bourbon Street: “New Orleans fora de New Orleans”.

A fama internacional do Bourbon também atraiu artistas brasileiros; nomes como Egberto Gismonti, Hermeto Paschoal e Ed Motta fizeram shows incríveis na casa.

As paredes do bar são enfeitadas com fotos autografadas - em preto e branco - de grandes nomes do jazz nacional e  internacional, entre eles: Ray Charles; Duke Ellington; Nat King Cole e Alcione.

Na entrada, em uma redoma de vidro, a guitarra do primeiro show de B. B. King (ele se apresentou oito vezes na casa), assinada pelo artista.

O Bourbon é um bar com toques de modernidade, espírito libertário e alma de um clube de jazz dos anos 40/50, onde se reúnem boêmios, jornalistas e o pessoal underground de cinema, teatro e música. 
 
O Bourbon Street talvez resuma bem o espírito da noite paulistana: ouvir jazz, dançar, beber e comer.

Programa imperdível!

Ediel Ribeiro (RJ)

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Coluna do Ediel

Ediel Ribeiro é carioca. Jornalista, cartunista e escritor. Co-autor (junto com Sheila Ferreira) do romance "Sonhos são Azuis". É colunista dos jornais O Dia (RJ) e O Folha de Minas (MG). Autor da tira de humor ácido "Patty & Fatty" publicadas nos jornais "Expresso" (RJ) e "O Municipal" (RJ) e Editor dos jornais de humor "Cartoon" e "Hic!". O autor mora atualmente no Rio de Janeiro, entre um bar e outro.

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