Rio - Conheci Nássara em novembro de 1980, no lançamento do livro “Natureza Morta e Outros Desenhos” do Chico Caruso, na época, chargista do Jornal do Brasil.
Os grandes nomes do humor nacional estavam lá: Millôr Fernandes, Jaguar, Paulo Caruso, Lan, Nani, e Ziraldo, entre outros.
Houvesse, naquela época, esses telefones com câmeras - eram tempos de câmeras analógicas. Nada era instantâneo: você levava meses para terminar um filme e conferir o resultado -, eu teria grandes lembranças daquela noite.
Outro encontro nosso, foi , anos depois, na casa dele, em Laranjeiras. Levei uma caricatura que fiz dele; ele autografou e, simpático, escreveu: me vejo mais jovem e bem desenhado.
Antônio Gabriel Nássara nasceu na Rua Esperança, no bairro de São Cristóvão, em 11 de novembro de 1910 - além dele, nasceram naquele ano, Adoniran Barbosa, Nelson Cavaquinho e Noel Rosa. Morou em Vila Isabel, onde foi vizinho de Noel, que sonhava em ser caricaturista.
![](/img/materias/editor/20190606_nassara.jpg)
Nássara começou no rádio em 1932, como locutor do "Programa Casé", na rádio Philips. Lá, cantou o primeiro jingle nacional, (composto por Luiz Peixoto) para a padaria Bragança.
Autor de mais de 200 canções, entre elas seu maior sucesso, a marchinha “Alá-lá-ô”, de 1941 (em parceria com Haroldo Lobo). Tentou virar cantor, com o codinome de Luiz Antônio, mas o desenhista foi superior ao músico.
Nássara criou - paralela à vida no rádio - uma carreira brilhante no jornalismo gráfico. Cartunista, ilustrador e diagramador, trabalhou em "O Globo", "A Noite", "A Hora", "A Nação", "Careta", "O Cruzeiro", "Última Hora" e "O Pasquim".
Foi um autêntico boêmio, enquanto fazia caricaturas no jornal, frequentava os cabarés da Lapa e as rodas de samba com Noel Rosa; sempre observando a cidade e seus moradores.
Descendente de libanês, era apaixonado pelo Rio, cidade que foi um de seus maiores cronistas, seja cantando ou desenhando.
Parafraseando Jaguar - quando lhe perguntaram se Millôr Fernandes era melhor escritor ou cartunista:
Nássara é melhor desenhista que compositor. E vice-versa.
*Ediel e jornalista e cartunista
Comentários