Coluna

UM PAÍS GOVERNADO PELO WHATSAPP

Rio - O Presidente Jair Bolsonaro e seus filhos têm usado tanto o WhatsApp para se dirigir a nação que não é demais prever que, num futuro próximo, para diminuir os ataques às instituições e a língua portuguesa, o aplicativo diminua para 140 caracteres suas mensagens, assim como era o twitter.

Não é segredo para ninguém que Bolsonaro se elegeu presidente do Brasil usando as mídias sociais: Facebook, Twitter, WhatsApp e até - dizem - sinal de fumaça.

Mas o capitão ainda não desceu do palanque.

Parece que Bolsonaro e seu clã ainda não se deram conta de que as eleições acabaram, e ele já é o presidente do país. Continuam se comportando como se ainda estivessem em campanha. Atirando em todas as direções, com seus “brinquedinhos coloridos”.

Sim, porque as armas de verdade, ainda não foram liberadas.

Com seus zapps bélicos, Bolsonaro, seus filhos Zero Um, Zero Dois, Zero Três e até Olavo de Carvalho, guru do presidente, vem impondo sucessivas derrotas ao governo, constrangendo autoridades e desunindo a base aliada.

Nem Janaina Paschoal aguenta mais.

Pelo WhatsApp, a prole do capitão já fritou o ministro Gustavo Bebiano; diminuiu o vice-presidente Hamilton Mourão, atirou na banda fardada que apoia o governo, apoiou o armamento da população e até defendeu que o Brasil deveria ter sua bomba atômica. 

Por sua vez, Bolsonaro chamou os estudantes e professores que foram às ruas contra os cortes na educação de idiotas úteis.

Postou no WhatsApp um texto que diz que o Brasil é um país ingovernável; admitindo, nas entrelinhas, que não tem ninguém tomando conta do leme do barco. Que estamos ao sabor dos ventos.

Avalizou um vídeo de Steve Kunda, um pastor congolês, que diz que ele foi enviado por Deus para governar o país. 

Se isso for verdade, Deus não deve estar feliz com o resultado.

Convocou os seguidores para sair às ruas, no próximo domingo, numa manifestação anti-Congresso Nacional. O mesmo Congresso que ele precisa para aprovar a reforma da Previdência e tantas outras.

Arte: Nani

O capitão alterou uma Lei - o estatuto do desarmamento - por decreto, e autorizou o uso de armas pela população civil. Ao arrepio da lei. Indo contra tudo e contra todos.

O Congresso Nacional é contra o decreto que libera as armas para a população e já fez tantos remendos que o decreto periga não ser mais reconhecido nem pelo pai.

14 governadores assinaram um abaixo-assinado pedindo o fim do monstrengo.

O Ministério Público diz que é inconstitucional e pede a anulação do decreto.

A ministra do STF, Rosa Weber, analisa uma enxurrada de ações que pedem o fim do decreto do presidente.

A Anistia Internacional diz que é um absurdo.

Mas o capitão não dá a mínima. No entanto, para mostrar que não é intransigente, aceitou tirar do decreto o parágrafo que permitia a qualquer cidadão comprar, no supermercado de sua preferência, seu fuzil, sua metralhadora ou sua escopeta. 

E como ele é bonzinho, agora uma criança de 14 anos só vai poder se divertir praticando tiro ao alvo com a autorização dos pais.

Antes, bastava a autorização da babá. Serão milhares de crianças preparadas e armadas até os dentes nas ruas.

Alvos não vão faltar. São mais de 13 milhões de desempregados zanzando, feito zumbis, pelas ruas do país.

Os partidos da base aliada estão muito preocupados com os sucessivos ataques do clã Bolsonaro que, pelas redes sociais, ou fora delas, criam crises, atacam os partidos, as instituições,  fabricam polêmicas em série e depois se fazem de vítimas.

Primeiro, porque joga o presidente contra o Congresso Nacional, contra o povo, contra as universidades e até contra a banda fardada que ainda apoia o capitão. 

E depois, porque as pessoas ficam sem saber de que lado está o presidente e seu clã.

*Ediel Ribeiro é jornalista e escritor

Ediel Ribeiro (RJ)

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Coluna do Ediel

Ediel Ribeiro é carioca. Jornalista, cartunista e escritor. Co-autor (junto com Sheila Ferreira) do romance "Sonhos são Azuis". É colunista dos jornais O Dia (RJ) e O Folha de Minas (MG). Autor da tira de humor ácido "Patty & Fatty" publicadas nos jornais "Expresso" (RJ) e "O Municipal" (RJ) e Editor dos jornais de humor "Cartoon" e "Hic!". O autor mora atualmente no Rio de Janeiro, entre um bar e outro.

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