A despeito de alguém vociferar em altos brados as suas posições políticas, não quer dizer, necessariamente, que se acredita nelas. Já explico: é uma questão de marketing. Há público para todos os discursos. Os colunistas da mídia impressa e eletrônica vão avidamente ao self-service dos assuntos para poder angariar claques, os colunistas para garantir a venda dos jornais, e os youtubers seus likes.
A claque se volta contra o próprio criador, muitas vezes, o que me fez lembrar das palavras de Adorno e Horkheimer, in Dialética do esclarecimento, de que “quanto mais medonhas as acusações e as ameaças, quanto maior a fúria, mais compulsório o escárnio”. Até porque, em um determinado momento, o próprio discernimento nos faz perceber que se já está indo longe demais.
Isso serve de ensinamento ou esclarecimento de alguns porta-vozes de discursos duros, de soluções fáceis, que constroem seus discursos nas colunas de forma a desconstruir um fato, levando às fake news, um dos artifícios do escárnio. Principalmente quando desmerecemos a dor do outro, por ter opção política contrária.
Pois bem, o discurso equilibrado volveria, naturalmente, a uma cortesia para os poderes institucionais que se interligariam para solucionar um problema de fato, que afeta uma grande parte da população do Brasil, portanto, uma solução pacífica e coerente, passada a refrega dos discursos duros das eleições que lembram lutas sem quartéis.
Mas, para não perder a claque e mantê-la sob rédea curta, garantia de um market share que rende audiência e emprego, e eleitorado, o bom senso não prevalece, e prevalecendo, isto sim, o pensamento de Sartre de que em uma discussão onde o mal responde ao mal, o mal se instala, e essa manutenção garante o emprego de muitos.
Em cada caso, em todos os casos, existem os dois lados, prevalência dialética na Filosofia. A questão é que todos se acham ao lado dos mocinhos, e os bandidos estão do outro lado, na opinião contrária, não há nenhuma dificuldade em se entender onde está o Bem ou o Mal, neste caso, e o Mal se instala.
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