Coluna

DINIZISMO’. O QUE É? PARA O QUE SERVE?

Rio de Janeiro - Diniz é um ótimo treinador. 

Para o Fluminense. Na seleção brasileira, não dá.

Não dá, porque o seu ‘dinizismo’ (modelo de jogo autoral) não serve para a seleção. Não é praticável. Não com esses jogadores que ele levou para as eliminatórias. 

Não dá, porque Diniz não tem moral para confrontar a CBF. Ele não tem peito para convocar os jogadores que realmente quer. A não ser para ficar no banco e entrar na vaga dos ‘medalhões’, faltando dois minutos para o fim do jogo. 

O medo de mexer na seleção da CBF é tanto que ele já declarou para a imprensa que não abre mão do Neymar, mesmo ele não jogando nada. Ordens da entidade, acho. 

Ele tem medo de tirar o jogador, mesmo que ele, com seu individualismo, esteja atrapalhando seu esquema de jogo. E até quando o acaso tira Neymar de campo, Diniz, ao invés de colocar o Veiga, bota Richarlison, que ele mesmo tirou do time porque não está jogando nada. 

Foto: Mauro Pimentel - 

A seleção passou a jogar com dois centroavantes e sem ninguém para fazer a bola chegar neles. Resultado: não deu nem um chute a gol no primeiro tempo e só dois no segundo.

Mais inventivo que o professor Pardal, Diniz sacou o possante lateral-direito Yan Couto e colocou o atacante David Neres. Diante de um esquema mais inútil que papel na testa para curar soluço, nada aconteceu.

Diniz sabe que é só um tapa-buraco; que está só esquentando a cadeira para o Ancelotti. Sua temporada na Seleção tem data de validade. E, ao que parece, vencida e cheirando mal.

Essa Seleção que está jogando as Eliminatórias para a Copa do Mundo, não é a Seleção do Diniz. É a Seleção da CBF, é a seleção dos empresários.

Ninguém está ali porque o Diniz quer. Estão ali por interesses da CBF e dos empresários. Nós temos no Brasil jogadores muito melhores que aquele bando que foi a campo ontem.

Nós não temos aqui um zagueiro melhor do que o Marquinhos? Não temos um centroavante melhor que o Richarlison? Não temos um volante melhor que o Casemiro? Um atacante melhor que Gabriel Jesus? Um jogador com mais interesse em servir a Seleção que o Neymar?

Claro que temos! E não precisa ir muito longe. No próprio Fluminense Diniz tem jogadores melhores que esses que estão vestindo a amarelinha. Porque Diniz não bota o André nesse meio de campo ridículo? Porque não bota o Nino que atravessa uma fase melhor que a do Marquinhos? Porque não usa o Veiga que está arrebentando no Palmeiras? Porque não convoca o Pedro que joga mil vezes mais que o Pombo? 

Diniz prefere chamar Gabriel Jesus - que já jogou duas Copas do Mundo sem marcar sequer um golzinho - que chamar, por exemplo, o Tiquinho que marca gols em todos os jogos. 

Para a CBF, jogadores que jogam no Brasil não servem. Bons são os que jogam na Europa. Então, por que convocar Neymar que joga (e mal) na Arábia?

Não adianta convocar jogadores que jogam na Europa e técnicos que trabalham no Brasil. Os jogadores só jogam bem lá porque são treinados pelos técnicos de lá. Porque jogam ao lado dos melhores jogadores do mundo.

Não adianta trazer jogadores que jogam com Guardiola para serem treinados pelo técnico do Fluminense. Se passarem dois meses aqui, desaprendem tudo o que o técnico espanhol ensinou.

Querem jogar com jogadores ‘europeus’? Convoquem um técnico europeu! Com esquema europeu! Com o Diniz não dá! 

Não deu com Tite, não vai dar com Diniz.

Ediel Ribeiro (RJ)

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Coluna do Ediel

Ediel Ribeiro é carioca. Jornalista, cartunista e escritor. Co-autor (junto com Sheila Ferreira) do romance "Sonhos são Azuis". É colunista dos jornais O Dia (RJ) e O Folha de Minas (MG). Autor da tira de humor ácido "Patty & Fatty" publicadas nos jornais "Expresso" (RJ) e "O Municipal" (RJ) e Editor dos jornais de humor "Cartoon" e "Hic!". O autor mora atualmente no Rio de Janeiro, entre um bar e outro.

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