Que Luiz Inácio Lula da Silva é um ser político ninguém duvida, também não há questionamentos em relação à sua capacidade de negociação e convencimento. É um líder nato. Suas palestras são ouvidas por milhares de simpatizantes. Lula, como é mais conhecido, tem o que Max Weber chamou de carisma. É um poder.
Na década de 1980 funda o PT (Partido dos Trabalhadores) e em 1983 a CUT (Central Única dos Trabalhadores). Participa de greves, é candidato ao governo de São Paulo, é eleito deputado federal, participa da Constituinte e, foi eleito presidente do Brasil. Sua ficha de ações políticas é enorme. Sua biografia contada em vários livros.
Mas, qual Lula é candidato à presidência no pleito de outubro? Essa pergunta é pertinente devido ao fato de Luiz Inácio Lula da Silva mudar constantemente. Como diz Raul Seixas é “uma metamorfose ambulante”, porém tem sua opinião formada sobre vários assuntos.
Analisando o então candidato ao pleito eleitoral em 1989 era radical. Não deveria negociar a então dívida externa brasileira. A imprensa o via como uma ameaça ao regime democrático, seu partido vendia produtos para arrecadar recursos para a campanha eleitoral. Lula nesse pleito não fez alianças com outros partidos que não fossem de pensamento esquerdista, mesmo no segundo turno das eleições. Perdeu para Fernando Collor.
Já em 1994, ainda com uma imagem ligada à extrema esquerda e, com um discurso de inclusão social sendo contra o chamado Plano Real que gerou a moeda nacional foi derrotado por Fernando Henrique Cardoso. Suas ideias para a economia não eram aceitas pelo denominado “mercado” que desejava uma moeda estável e controle da inflação.
Em 1998, mesmo com crise econômica e com ameaças ao desemprego no país sofre nova derrota para o então presidente Fernando Henrique Cardoso que aprovou a reeleição para si durante seu mandato.
No ano de 2002 muda sua imagem: surge o Lula paz e amor. Faz uma carta aos brasileiros que na realidade era ao mercado financeiro. Escolhe um empresário como vice e, faz alianças com vários partidos políticos do centro. O então candidato se desloca para o centro esquerda. Sendo assim vence as eleições de 2002 e a de 2006. Com programas sociais de inclusão à denominadas classes minoritárias e com maioria da aceitação popular sua candidata na eleição seguinte foi eleita a primeira presidente do Brasil.
Porém, o Lula que surge nessa eleição é outro. Preocupado sim com a inclusão das minorias, mas consciente de que deve fazer acordos para vencer as eleições e se manter no poder. A situação econômica mundial também mudou, o que fez a metamorfose acontecer. Ele está mais à direita no cenário político, com ideias de centro esquerda em seu plano de governo. Por isso o choque em seu discurso. Com relação à sua gestão, caso vença as eleições, o futuro dirá como será.
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