Adão Iturrusgarai é um cartunista que também sabe batucar nas 'pretinhas'; como diríamos nós, os velhos jornalistas.
Tanto que acaba de lançar pela Zarabatana Books, “Paris por Um Triz - Aventuras de um Cartunista”, seu primeiro livro só com textos.
Quando penso em Adão escrevendo em sua casa, na Patagônia, imagino um cartunista barbudo ao lado de um copo, uma garrafa de uísque, um gato, e cotocos de cigarros - eventualmente, um ou outro baseado - enfileirados em um cinzeiro cheio, ao lado da máquina de escrever, cercado por suas tirinhas cheias de sexo, palavrões, e deboche, em um quarto cheio de fumaça e um terrível cheiro de nicotina e café invadindo o ambiente.
O estereótipo faz jus à fama do cartunista. Iturrusgarai é um dos nossos cartunistas malditos. Embora não saiba desenhar, como diziam Jaguar e o saudoso Nani, é um dos melhores.
Eu já tinha lido algumas dessas histórias através do ‘Correio Elegante’, a newsletter semanal do autor, que ele gentilmente me enviava toda semana. Agora, reunidas em livro, as aventuras de Adão Iturrusgarai em Paris, nos anos 90, estão muito melhores.
A autobiografia, com pitadas de ficção, conta as inúmeras tentativas do autor para publicar seus cartuns e histórias em quadrinhos nas revistas e nos jornais franceses.
Lembrei das aventuras do Henfil, em Nova York, para tentar publicar os Fradinhos nos EUA, algumas contadas em seu livro ‘Cartas da Mãe’. Não sei se Adão teve mais sorte que o cartunista mineiro, só vamos saber no final do livro.
Nas 264 páginas do livro vamos acompanhar as aventuras, euforias e desilusões que “Adaô” - era assim que ele era chamado por lá - passou na ‘Cidade Luz’, até publicar nas revistas ‘Chacal Puant’ e ‘Flag’. E claro, não poderiam faltar os encontros amorosos ou os desencontros, para infelicidade total do protagonista.
Adão Iturrusgarai é cartunista, humorista, escritor e artista plástico. Nascido em Cachoeira do Sul, no Rio Grande do Sul, atualmente reside em Gaiman, uma colônia galesa encravada na Patagônia.
O cartunista publicou seu primeiro desenho aos dezessete anos, no Jornal do Povo, de sua cidade natal. Aos dezoito, mudou-se para Porto Alegre.
Atualmente publica suas tira diárias no jornal ‘Folha de São Paulo’ e colabora com a revista ‘Caros Amigos’. Foi roteirista de humor para programas de televisão e lançou diversos livros de histórias em quadrinhos. Muitos traduzidos em outros países. Já expôs em Bruxelas, Porto Alegre e São Paulo.
É casado com Laura, com quem tem dois filhos: Olívia e Camilo.
Comentários