Coluna

O SALÁRIO DOS GENERAIS

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Foto: Sergio Lima - 

Enquanto tá todo mundo discutindo sobre como esticar o salário mínimo até o fim do mês, o governo arranja solução para aumentar o salário do funcionalismo público, em ano de eleição.

A solução para o aumento dos servidores públicos - o corte no Orçamento em R$ 13,5 bi - foi mais uma pedra no sapato do presidente “Contra a Velha Política do Toma-lá-dá-cá” Bolsonaro.

Os cortes serão na Saúde e Educação e beneficiarão os servidores públicos, inclusive a elite do funcionalismo. Generais bolsonaristas, por exemplo, receberão acima de R$ 60 mil, furando o teto de R$ 39,2 mil, equivalente ao salário de um ministro do STF.

Os generais bolsonaristas Luiz Eduardo Ramos, Walter Braga Netto e Augusto Heleno, passaram a receber respectivamente R$ 66,4 mil, R$ 66,2 mil e R$ 63 mil por mês, depois de uma canetada do presidente Jair Bolsonaro, em maio de 2021.

Os generais bolsonaristas deverão ainda ser beneficiados pelo aumento linear de 5% para os servidores, assim como toda a elite de funcionários públicos, em detrimento da Saúde, da Educação, da Ciência e da Tecnologia.

Enquanto isso, o novo piso nacional previsto para 2023 propõe o salário mínimo com um valor de R$ 1.294, ou seja, R$ 82 maior do que o atual salário mínimo de R$ 1.212.

Nos últimos dias, os servidores e os assalariados discutiram acirradamente sobre o direito aos reajustes. As negociações foram difíceis e tensas e só agora posso revelar pela primeira vez como o presidente “Fim da Velha Política” Bolsonaro conseguiu fazer com que as duas partes entrassem em acordo.

O presidente “Acabou a Mamata” Bolsonaro chamou a Brasília um assalariado e um general. Foram recebidos no aeroporto por limusines e levados ao Palácio do Planalto, onde foram recebidos pelo presidente em seu gabinete. O assalariado e o general sentaram-se de frente um para o outro, em uma enorme mesa, onde , na cabeceira, estava o presidente.

O presidente “Acabou a Mamata” Bolsonaro disse ao assalariado que se aumentasse o salário mínimo em mais 1 real isso custaria as despesas com Benefícios da Previdência, Abono e Seguro Desemprego um aumento de mais de R$ 300 milhões ao Tesouro Nacional e quebraria o governo.

O presidente Jair Bolsonaro será o primeiro presidente da República, desde o Plano Real, a concluir o mandato com o menor poder de compra que um salário mínimo poderá alcançar; e isso tem prejudicado o relacionamento do governo com os assalariados, que pareciam se dar bem um com o outro.

Bolsonaro só chamou os assalariados que foram às ruas protestar pelo aumento salarial de “ganaciosos”, porque achou que eles queriam o aumento para viajarem para a Disney, como nos tempos do Lula.

- Como ficariam nossos aeroportos, cheios de pobres? - indagou o presidente.

De repente, o aposentado diz ao presidente:

- Nós só queremos comprar um quilo de carne. Ninguém aguenta mais comer osso!

O general pergunta:

- E quanto a nossa picanha, o leite moça e a cervejinha?

O assalariado, constrangido:

- Nós só queremos comer…

- O senhor não tem vergonha de vir pedir aumento salarial acima dos 82 reais que o governo já concedeu, enquanto nós, generais, ralamos pintando quilômetros de meio-fio pelos nossos míseros 60 mil?

O assalariado, como se não acreditasse no que ouviu:

- R$ 82 não compra nem um botijão de gás! O gás já chegou a R$ 120.

- Para que o gás se não tem o que cozinhar? - interveio o presidente.

O assalariado , resignado:

- Não dá para comer osso sem cozinhar.

- Pobre tem que parar com essa mania de comer todo dia - disse o general.

- Enquanto nós passamos fome, as Forças Armadas compram leite condensado, picanha e cerveja com o dinheiro público.

O general, furioso:

- Vocês queriam o que? Que nós gastássemos todo o dinheiro só com Viagra e lubrificante?

- Nós só queremos um salário digno…

- Vamos combinar assim - disse o presidente - se eu for reeleito, eu prometo aumentar o salário mínimo para R$ 3 mil, taokey?

Enquanto o assalariado fazia cara de resignação, o general e o presidente caíram na gargalhada.

Ediel Ribeiro (RJ)

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Ediel Ribeiro é carioca. Jornalista, cartunista e escritor. Co-autor (junto com Sheila Ferreira) do romance "Sonhos são Azuis". É colunista dos jornais O Dia (RJ) e O Folha de Minas (MG). Autor da tira de humor ácido "Patty & Fatty" publicadas nos jornais "Expresso" (RJ) e "O Municipal" (RJ) e Editor dos jornais de humor "Cartoon" e "Hic!". O autor mora atualmente no Rio de Janeiro, entre um bar e outro.

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