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DONA IVONE LARA - A GRANDE-DAMA DO SAMBA

Fui, durante anos, locutor e produtor de rádio. Conheci, durante esse tempo, grandes figuras do samba e da MPB, entre elas Dona Ivone Lara.

Dona Ivone me impressionou pela história, o carisma e o talento.

Conhecida como a ‘Grande Dama do Samba’, ela foi a primeira mulher a assinar um samba-enredo e a fazer parte da ala de compositores de uma escola de samba - a Império Serrano.

Formada em Enfermagem e Serviço Social, antes de se consagrar como sambista, desempenhou importante papel como enfermeira na reforma psiquiátrica no Brasil, ao lado da médica Nise da Silveira, dedicando-se a essa atividade durante mais de trinta anos.

ilustração Dona Ivone Lara
Dona Ivone Lara completaria 100 anos, no próximo dia 13 de abril. (Arte: Ediel Ribeiro)

Dona Ivone Lara nasceu em 13 de abril de 1922, na rua Voluntários da Pátria, em Botafogo, Zona Sul do Rio de Janeiro. Filha do violonista João da Silva Lara, e da soprano Emerentina Bento da Silva; com a morte do pai, com menos de três anos de idade, e da mãe aos dezesseis, foi criada pelos tios e com eles aprendeu a tocar cavaquinho e a ouvir samba, ao lado do primo Mestre Fuleiro. Nessa época, teve aulas de canto com Lucília Guimarães, esposa  do maestro Villa-Lobos.

Casou-se com Oscar Costa, filho de Alfredo Costa, presidente da escola de samba Prazer da Serrinha, com quem teve dois filhos, Alfredo e Odir. Foi no Prazer da Serrinha que  a sambista começou a escrever suas músicas, mas as suas letras eram assinadas por seu primo, Mestre Fuleiro, porque muitos sambistas não queriam gravar músicas compostas por uma mulher. Lá, ela conheceu alguns compositores que viriam a ser seus parceiros em algumas composições, como Mano Décio da Viola e Silas de Oliveira. Ainda na Serrinha, compôs o samba ‘Nasci para Sofrer’, que se tornou o hino da escola de samba, fundada na década de 40 e extinta em 1952. 

Da Serrinha, mudou-se para a escola de samba Império Serrano onde passou a desfilar na ala das baianas. A consagração veio em 1965, com ‘Os Cinco Bailes da História do Rio’, quando tornou-se a primeira mulher a fazer parte da ala de compositores da escola.

Entre os intérpretes que gravaram suas composições destacam-se Clara Nunes, Roberto Ribeiro, Maria Bethânia, Gal Costa, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Paula Toller, Paulinho da Viola, Beth Carvalho, Roberta Sá, Marisa Monte e Dorina. Uma de suas composições mais conhecidas, em parceria com Délcio Carvalho, foi ‘Sonho Meu’, sucesso na voz de Maria Bethânia e Gal Costa em 1978, cujo álbum ultrapassou um milhão de cópias vendidas.

Atriz bissexta, Dona Ivone teve participação em filmes, e foi a Tia Nastácia em especiais do programa ‘Sítio do Pica-Pau Amarelo’.

Em 2012, foi homenageada pelo Império Serrano, no grupo de acesso, com o enredo ‘Dona Ivone Lara: O enredo do meu samba’. Em 2010, foi a homenage- ada na 21.ª edição do Prêmio da Música Brasileira. Em dezembro de 2014, foi a homenageada na 19.ª edição do ‘Trem do Samba’. Em 2015, entrou para a lista das ‘Dez Grandes Mulheres que Marcaram a História do Rio’.

Na última quarta-feira (16/03) a Câmara Municipal do Rio de Janeiro aprovou uma homenagem que dá o nome de Dona Ivone Lara ao logradouro conhecido como Rua Projetada 30, localizada no Recreio dos Bandeirantes. 

Dona Ivone Lara, a “Primeira Dama do Samba” do Rio de Janeiro - que completaria 100 anos no próximo dia 13 - morreu no dia 16 de abril de 2018, aos 96 anos, em consequência de um quadro de insuficiência cardiorrespiratória. 

Ediel Ribeiro (RJ)

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Ediel Ribeiro é carioca. Jornalista, cartunista e escritor. Co-autor (junto com Sheila Ferreira) do romance "Sonhos são Azuis". É colunista dos jornais O Dia (RJ) e O Folha de Minas (MG). Autor da tira de humor ácido "Patty & Fatty" publicadas nos jornais "Expresso" (RJ) e "O Municipal" (RJ) e Editor dos jornais de humor "Cartoon" e "Hic!". O autor mora atualmente no Rio de Janeiro, entre um bar e outro.

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