Opinião

O lema de Zema

ROMEU-ZEMA
Cristiano Machado / Imprensa MG -  

Quando iniciou o período eleitoral em 2018 acreditava que a polarização PT versus PSDB em Minas Gerais seria acirrada na disputa pelo governo estatal. Fernando Pimentel não conseguiu organizar o governo durante seu mandato após a destituição de Dilma Rousseff e, com as finanças desestabilizadas sofreu com greves do funcionalismo público e seu descontentamento de maneira constante. Este ato lhe custou a possibilidade de ir para o segundo turno das eleições daquele ano. 

Romeu Zema aproveitando esse vazio foi confirmando no segundo turno contra justamente o PSDB de Antônio Anastasia. O venceu. Para Zema foi uma vitória do Novo. Seria uma nova política, um jeito novo de administrar o Estado que possui uma dívida de R$ 147,77 bilhões de reais segundo informações da secretaria da Fazenda. A maior parte desse montante é de valores devidos a União. O então candidato sabia disso. Zema venceu a eleição usando seu jargão que dizia ser contrário ao que acontecia naquele momento no estado e, também sua experiência como empresário. 

O problema é que Romeu Zema não é político, não sabe dialogar. Até o momento governou sem adversários contra seus planejamentos. Em suas entrevistas usa sempre o mesmo jargão: “peguei o estado quebrado e pago os funcionários públicos em dia.” Isso é pouco para mais de três anos de governo. 

Durante o momento de maior letalidade da pandemia, Zema desejava o retorno dos profissionais da educação às escolas sem vacina. Foram os deputados estaduais que aprovaram uma ajuda financeira para as famílias carentes no período de isolamento social. 

Mesmo conhecendo os problemas financeiros do estado, Romeu Zema, fez um acordo de reajuste com as forças de segurança pública.

As ações de Zema lhe renderam inimigos em todos os setores do funcionalismo público: saúde, educação e segurança pública. Além da Assembleia Legislativa com a qual não dialoga. Nesse momento as contas estão chegando e, as eleições também.

Com relação aos profissionais da segurança pública no dia 22 demonstraram sua força ao reunir mais de 15 mil trabalhadores da área no centro de Belo Horizonte e decretaram greve. Qual a atitude do governo? Deveria ser dialogar com a classe mas partiu para o ataque: exonerou 11 policiais civis de cargos comissionados. Pode ser uma infeliz coincidência, porém como diz o ditado coloca mais lenha na fogueira. 

No dia 8 de março será a vez dos profissionais da educação reunirem em frente à Assembleia Legislativa. O encontro tem indicativo de greve e, tudo revela que será esse o caminho a ser seguido. Os educadores estão sem reajuste salarial desde 2017, ou seja, amargam uma perda em seus ganhos mensais de cerca de 30% que é a inflação desse período. O plano de carreira conta com gargalos para a promoção que não incentivam o aprimoramento dos trabalhadores. Para se ter ideia tem professor com mestrado recebendo valores relativos a graduação. A deputada Beatriz Cerqueira (PT) apresentou um projeto de lei na Assembleia Legislativa em 2020 e, até o momento não avançou na comissão de Constituição e Justiça. Para finalizar com o assunto dos professores houve um aumento no piso salarial de 33% cedido pelo governo federal no qual o governador Romeu Zema ainda não manifestou como será realizado o repasse para os vencimentos mensais dos profissionais. 

Com relação a Assembleia Legislativa ao invés de usar seu interlocutor líder do governo, o deputado estadual Gustavo Valadares (PSDB), para dialogar com seus pares Zema preferiu entrar com ação na justiça para obrigar os representantes políticos a votarem o projeto de Regime de Recuperação Fiscal do estado. Este praticamente congela os salários dos servidores públicos. 

As eleições estão aí, os funcionários públicos estão impacientes, Zema não negocia e governar por jargão não será mais aceito. Os resultados veremos nas próximas pesquisas eleitorais.                          
 

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