“Quando a educação não é libertadora, o sonho do oprimido é ser o opressor.” (Paulo Freire)
Paulo Freire, patrono da educação brasileira, que completaria hoje cem anos, se vivo, foi, também, o mais importante educador brasileiro.
Autor do mais bem-sucedido método de alfabetização de adultos - experiência que alfabetizou 300 pessoas em apenas 40 horas de estudo, em Angicos, no Rio Grande do Norte - e o maior filósofo da educação brasileira, ainda assim seu centenário de nascimento, celebrado no mundo inteiro, deve passar sem ser lembrado pelo Ministério da Educação (MEC).
Paulo Reglus Neves Freire - ou, simplesmente, Paulo Freire - considerado um dos pensadores mais notáveis na história da pedagogia mundial, cujo pensamento contribuiu muito para a criação de políticas públicas, tem sido constantemente marginalizado pelo presidente Jair Bolsonaro (homem pouco afeito à educação) e por todos os ministros que ocuparam o comando da Educação. Bolsonaro chegou a escrever em seu plano de governo que expurgaria a “filosofia freiriana das escolas”.
Na última quinta-feira (16), no entanto, a Justiça Federal do Rio de Janeiro proibiu o governo federal de tomar qualquer atitude que atente contra a dignidade e a moral de Paulo Freire, que vem sendo alvo constante de ataques do presidente Bolsonaro, seus filhos e seguidores.
A perseguição ao educador, entretanto, não é nova. Em 1964, depois da ascensão dos militares ao poder, o criador do movimento chamado ‘pedagogia crítica’, foi preso e exilado pela Ditadura Militar, por ensinar a população pobre.
Freire morou na Bolívia, Chile, Estados Unidos e Suíça. No Chile, em 1968, escreveu sua obra mais conhecida: “A Pedagogia do Oprimido”. Ao longo da década de 70, desenvolveu atividades políticas e educacionais em diversos países da África, Ásia e Oceania. Ele só retornou ao Brasil em 1980, com a Anistia Internacional.
Paulo Freire foi declarado oficialmente o Patrono da Educação Brasileira em 2012. Homenagem proposta pela então deputada Luiza Erundina (PSB-SP) e sancionada pela então presidente Dilma Rousseff, como Lei 12.612/2012.
O pensador, reconhecido como o maior filósofo da educação brasileira, foi traduzido para mais de 20 idiomas, agraciado com 41 títulos honoris causa e escolhido para nomear 102 centros de pesquisa, mais de 400 escolas no Brasil e nove em outros países.
Morto há mais de 20 anos, o educador é o terceiro autor mais citado no mundo em ciências humanas, ainda assim, apoiadores do atual presidente da República insistem em atacar seu legado.
Paulo Freire nasceu no Recife, filho de uma família de classe média, mas devido à crise econômica de 1929 e à morte do pai em 1934, viveu uma adolescência difícil.
Apesar disso, conseguiu concluir os estudos. Em 1943, aos 22 anos, ingressou na Faculdade de Direito do Recife. Formado, não chegou a exercer a profissão, preferindo dar aulas de língua portuguesa numa escola de segundo grau.
Em 1947, Freire assumiu o cargo de diretor de educação do Serviço Social da Indústria (Sesi), no Recife, quando passou a se interessar pela alfabetização de adultos e pela educação popular.
Na década de 1950, foi professor universitário e concluiu o doutorado em Filosofia e História da Educação.
Nos anos 60, trabalhou com movimentos de educação popular e, no governo de João Goulart, coordenou o Plano Nacional de Alfabetização, com objetivo de tirar 5 milhões de pessoas do analfabetismo.
Seu método, conhecido como “pedagogia da libertação”, tinha como proposta uma educação crítica a serviço da transformação social.
Paulo Freire nasceu no dia 19 de setembro de 1921, no Recife, Pernambuco, e faleceu no dia 2 de maio de 1997, em São Paulo.
Mas suas ideias continuam vivas até hoje.
Apesar do Bolsonarismo.
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