A palavra orgulho, numa de suas acepções, traduz o sentimento de satisfação decorrente de um ato ou fato que eleva o sentimento pessoal de valor, mérito ou dignidade.
Nenhum país do mundo, no curso de sua história, pode exibir, invariavelmente, um galardão de glória.
Da mesma forma que a biografia pessoal tem altos e baixos, a caminhada de um povo tem altitudes, planícies e até despenhadeiros.
Só um ufanismo, respeitável mas não rigorosamente verdadeiro, poderá obscurecer ou perdoar os pecados coletivos para timbrar apenas na exaltação dos feitos heroicos.
Foi o que fez Afonso Celso no seu belíssimo livro “Por que me ufano do meu país”.
Este livro anda esquecido hoje.
Mas me parece que mereceria voltar às escolas porque, nos dias correntes, está muito forte, em círculos amplos da opinião pública, um sentimento de descrença no Brasil, sentimento esse que julgo desprovido de base racional.
Analisemos as questões mais gerais.
Existem preconceitos no Brasil estigmatizando grupos humanos, em decorrência de raça, sexo, origem social, trabalho ou profissão, orientação política, opção sexual?
É evidente que sim, não obstante a proclamação constitucional da igualdade de todos que nasceram da barriga de uma mulher.
Mas se existem, lamentavelmente, discriminações e rejeições, não chegamos ao ponto de assinalar a presença do ódio à face das diferenças, como ocorre em outros países.
As pessoas que provêm dos estratos mais pobres têm a chance de galgar posições de relevo na política, na vida social, nas empresas?
Acredito que, em princípio, a ascensão é possível, não há vetos explícitos, mas o que torna a ascensão difícil é o não oferecimento de educação de ótima qualidade a todos os cidadãos.
Tudo ponderado, creio legítimo sentir orgulho de ser brasileiro.
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