“Ela queria, ela queria um furo. Ela queria dar o furo a qualquer preço contra mim”.
Esta declaração considerada machista e de ofensa sexual levou a juíza Inah de Lemos e Silva Machado, da 19ª Vara do Foro Central Cível de São Paulo, em decisão de primeiro grau, a condenar o presidente Jair Messias Bolsonaro a indenizar em R$ 20.000,00 a jornalista Patrícia Campos Mello, do jornal Folha de São Paulo.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho de Jair Bolsonaro, por sua vez, já tinha sido condenado a indenizar a jornalista em R$ 30.000.00 por dizer que ela “tentava seduzir para obter informações que fosse prejudicial ao presidente Jair Bolsonaro”.
Patrícia Campos Mello foi autora das reportagens que revelaram e detalharam o esquema irregular custeado por empresários de disparo de mensagens anti-PT nas eleições de 2018, tendo sido beneficiado o então candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro. E ele, em coletiva com jornalistas, em fevereiro de 2020, comentando o depoimento de Hans River, funcionário da Yacows, uma das empresas de disparo de mensagens e principal fonte da reportagem, na CPMI das Fake News, disse: “Ela queria um furo. Ela queria dar o furo a qualquer preço contra mim”. Os apoiadores dele caíram na gargalhada.
A juíza Inah de Lemos, na sentença, ponderou que não há de se falar em liberdade de expressão ou de pensamento, pois ela não é ilimitada, de maneira que deve ser observado o direito alheio, especificamente a reputação, a honra e a imagem da vítima. Entendeu que a acusação feita por Jair Bolsonaro tinha o propósito de ofender a reputação da jornalista Patrícia Campos. Bolsonaro pode recorrer da condenação, que foi obrigado ainda a arcar com os custos e despesas processuais e honorários advocatícios fixados em 10% do valor da indenização.
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