- Athaliba, tem situações tão singulares no rastro devastador dessa pandemia do COVID, com quase 600.000 mortes no mundo, que ocê fica de boca aberta e queixo caído. Ocê nem faz ideia do que minha amiga Doralice aprontou. Na manhãzinha do Dia de Santo Antônio, o divino casamenteiro, ela me telefonou para saber se já tinha acessado o meu correio eletrônico. Disse-lhe que iria preparar o café, pois havia saído da cama pouco antes. Mas, devido à insistência de “vá logo lá no computador, pois a sua opinião é por demais importante”, desisti do café.
- Vamos, Marineth. Conte logo o que se passou. Não faça suspense. Deixe de rodeios.
- Athaliba dos Anjos, ocê não é ansioso. Por quê essa curiosidade desmedida?
- Marineth Moura, sei que estás louca para contar. Ocê é mexeriqueira de primeira!
- Phorra, Athaliba. Calma. Não sou fofoqueira. O que vi ao abrir a mensagem da Doralice é qualquer coisa (“Que triste são as coisas, consideradas sem ênfase” - verso do poema “A Flor e a náusea”, de Carlos Drummond de Andrade) que só Freud explica. A mensagem tinha o título de “Meu filho”. E, no conteúdo, a apresentação de “o pai é o travesseiro”, com a foto do “bebê”.
- Marineth, fala sério! Nesse contexto desastroso, catastrófico, calamitoso da vida política do Brasil, com o mito pés de barro que ocupa o trono da Presidência da República exacerbando a sua incapacidade e o ex-juiz federal Wilson Witzel, governador do Rio de Janeiro, respondendo a processo de impeachment, esse caso da Doralice é carta fora do baralho. Descartável.
- Athaliba, a política te aflora. Ocê, com sobras de razões, é crítico desse sistema vigente que aprofunda cada vez mais a desigualdade e aumenta a miséria na população. Há poucos dias conversamos sobre o Rio de Janeiro submerso na corrupção. Basta conferir aqui n’O Folha de Minas no link https://ofolhademinas.com.br/materia/33341/coluna/rio-submerso-na-corrupcao.
- Pois é, Marineth. Na ação policial denominada Mercadores do Caos, agentes do MPRJ - Ministério Público estadual - apreenderam R$ 8,5 milhões em endereços do tenente-coronel da PM Edmar Santos, ex-secretário de Saúde. Ele tinha “papel bordado” (sete milhões em reais) em dólares, euros e libras esterlinas, moedas estrangeiras. O oficial da PM é acusado de chefe de organização criminosa que desviou 36.922.920,00 milhões de reais nessa pandemia e está preso no Batalhão Prisional Especial da Polícia Militar, em Niterói. Espera-se para breve a condenação.
- Athaliba, é provável que a Doralice, que, ultimamente, tem demonstrado muita indignação às corrupções contínuas nos governos de Sérgio Cabral, Garotinho, Rosinha Garotinho, Pezão e Wilson Witzel, tenha sucumbido às alucinações. Também não é prá menos, né? Haja tolerância.
- Marineth, esclarece de uma vez por todas esse delírio da sua amiga.
- Athaliba, ao acessar o conteúdo da mensagem fiquei embasbacada. Mas, levei a situação na esportiva. Telefonei para Doralice e perguntei se o parto fora normal ou cesariana. Se o “bebê” já tinha mamado e qual dos travesseiros é o “pai”. E aí ela me contou que o “bebê” rejeitou o peito e pediu mamadeira. E que o “pai” é o travesseiro multiuso de 1,50m x 21cm x 15cm.
- Marineth, realmente essa pandemia tem revelado casos aloucados, como o da atriz Maitê Proença que revelou: “Detesto ter de fazer sexo sozinha, mas a gente não pode receber visitas, né”?; como a funkeira Anitta que exibiu em vídeo a coleção de vibradores; e ainda da cantora Kelly Key que, também em vídeo, deu aula para a Gracyanne Barbosa, ao lado do marido Belo, de como fazer sexo anal. Será que a tua amiga foi contagiada por essas influências?
- Athaliba, o trem é doido. E está sujeito a descarrilar na curva do ‘S’, em Itabira, na linha férrea que liga o município ao Espírito Santo, no transporte ininterrupto de toneladas de minério de ferro em 90 vagões. Ou ainda na ameaça permanente sentida pela população de estouro de uma das mais de uma dúzia de barragens superlotadas com resíduos de minério de ferro.
- Marineth, tome tenência. Não apele, por favor.
- Athaliba, a Doralice e eu brincamos muito com a história do “bebê”. Ela dorme enroscada em muitos travesseiros, com um boneco. Coisa de mulher solteira. Como comprou um travesseiro novo, inclusive, indicado para gestantes e que sugere inventar “sua forma de usar”, ela sonhou estar “prenha e pariu”. Dei o nome ao bebê de Coronopikos, rebento do COVID, e fui convidada para madrinha. Gostou do nome Coronopikos? E, claro, o indiquei para padrinho. Ocê aceita?
- Mas é claro, Marineth. Com prazer, Como vou deixá-la à deriva nessa metamorfose. Pois, aos amigos tudo e, aos inimigos, amém! Que tal nome de Cacetaurus para o travesseiro?
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