Rio de Janeiro - A expressão “foi a Roma e não viu o Papa”, retrata bem a minha frustração por ter ido a Porto Alegre e não ter visto Santiago.
Passamos, no início do ano, eu e a Sheila, três dias em Porto Alegre. Mergulhamos nas profundezas do circuito “underground” do cartum e da HQ, gaúcha.
Visitamos, feiras, exposições, galerias, livrarias e o Bar dos Cartunistas, no centro histórico da capital gaúcha. Nos encontramos com Nani, Fábio Zimbres e Rafael Corrêa, mas não vimos Santiago.
Mas, saímos de lá com um livro dele. Quem sabe, na próxima.
Neltair Rebés Abreu - ou, simplesmente, Santiago, apelido que ganhou, ainda na época da faculdade, por ser natural de Santiago do Boqueirão, no estado do Rio Grande do Sul - nasceu em 14 de setembro de 1950.
Começou a desenhar ainda na infância. Iniciou-se na arte da caricatura desenhando os professores na escola. Ainda em sua cidade, caricaturou prefeitos, vereadores e figuras locais.
Em 1970, após concluir o curso secundário, mudou-se para Porto Alegre, em busca de trabalho.
Trabalhou como desenhista técnico e, em 1973, ingressou no curso de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Nesta época, já com o epíteto de Santiago, que adotou como nome artístico, participou de vários jornais estudantis.
Em 1974, foi convidado para trabalhar como ilustrador e chargista no extinto jornal “Folha da Tarde”, onde se profissionalizou e atuou durante nove anos, até seu fechamento em 1983.
A partir de então, passou a trabalhar para o “Correio do Povo” e jornais da imprensa alternativa, como “Coojornal”, “O Pasquim”, “Bundas” e “Pasquim 21”.
Na década de 80, ainda, colaborou como chargista para os jornais “O Estado de São Paulo”, “ABC Domingo”, “Jornal do Comércio”, “Coojornal”, da Cooperativa de Jornalistas de Porto Alegre e na revista “Planeta Arroz”.
Santiago é o criador do Macanudo Taurino Fagunde, personagem baseado no gaúcho típico dos pampas. O personagem foi criado quando o cartunista trabalhava no “O Jornal”.
O artista integra o grupo de cartunistas que é distribuído no mundo inteiro pela agência “Cartoonists & Writers Syndicate” de Nova Iorque.
Em 1994, a revista Witty World, voltada para profissionais do desenho humorístico, incluiu Santiago na lista dos 13 melhores do mundo no gênero “Gag Cartoon”, após uma pesquisa realizada entre os leitores-cartunistas. Seus vizinhos latinos na lista são Quino, Sempé e Aragonés.
Ao longo da carreira, o cartunista já publicou mais de uma dezena de livros: Humor Macanudo (1976); Refandango (1977); Causos do Macanudo Taurino Fagunde (1982); Milongas do Macanudo Taurino (1984); Bailanta do Taurino (1986); As Invenções da Vó Libânia (1988); Ninguém é de Ferro (1993); Povaréu (1994); O Melhor do Macanudo Taurino (1997); De Papo Pro Ar (1998); FHC: Quem Te Viu, Quem Te Vê! (1999); e Conhece o Mário? (2006), entre outros.
Cursou três faculdades ligadas ao desenho, Arquitetura, Jornalismo e Artes Plásticas, mas não concluiu nenhuma delas. "Sou pós-graduado em não terminar cursos", brinca Santiago.
Santiago é, com certeza, um dos cartunistas mais premiado do país. Além de diversos prêmios no Brasil e no exterior, foi premiado pelo jornal “Yomiuri”, espécie de Oscar anual dos cartuns que se realiza no Japão.
Santiago é casado com Olga, com quem tem dois filhos. Conciliar trabalho e família é fácil para o cartunista, que trabalha em casa. Mas nem por isso deixa de cumprir "um horário comercial".
Santiago não para. Já prepara mais uma obra, a ser lançada na próxima edição da Feira do Livro de Porto Alegre.
"Eu sempre tenho projetos guardados na gaveta. Quero transformá-los em mais e mais obras", diz.
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