Jaguar é fã do cartunista Steinberg. No início da carreira, “chupava” descaradamente o romeno.
Como não tinha grana para comprar as revistas estrangeiras, fez amizade com o gerente de uma livraria chamada “América & China”, que ficava na rua do Ouvidor que o deixava admirar os desenhos de Steinberg, publicados na revista “The New Yorker”.
Era tão fã que não admitia que um cartunista não conhecesse Saul Steinberg, segundo ele, o "Picasso do desenho de humor”.
Um dia, Cássio Loredano, então um rapaz com vinte e poucos anos, recém chegado de São Paulo, que desenhava para o jornal “Opinião” - em um prédio vizinho - foi conhecê-lo na redação do “O Pasquim”, em Copacabana.
“Você não conhece Steinberg!??”, indignou-se. “Toma! Leia esses livros!”
Loredano leu tudo que pode de Steinberg. Mas leu também Hermenegildo Sabat, Luis Trimano, e J. Carlos. Copiou os mestres até encontrar o próprio caminho. "No início, era uma poluição violentíssima. Mas, com o tempo, você vai limpando, vai encontrando a essência da fisionomias", conta.
Loredano Cássio Silva Filho, nasceu no bairro de São Cristóvão, no Rio de Janeiro (RJ), em 1948. Seu pai era um oficial da Cavalaria e sua mãe uma dona de casa, cearense, filha de um abolicionista que libertou os escravos do Ceará, antes mesmo de 1888. Seu pai estava de passagem pelo Rio, e Loredano acabou nascendo no Hospital do Exército. passou a infância entre os Estados do Paraná, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e São Paulo.
Em São Paulo, ainda adolescente, deixou a casa dos pais e seguiu para Santo André, na Grande São Paulo.
Começou em 1968, no “Diário do Grande ABC”, em Santo André, que tinha acabado de virar diário. Entre 1968 e 1969, atuou como revisor, repórter, diagramador, redator, secretário gráfico, secretário de redação e caricaturista.
Na capital, trabalhou como repórter na sucursal paulista do jornal O Globo (RJ) onde conheceu, por intermédio de Elifas Andreato, o caricaturista argentino Luís Trimano, ilustrador do Jornal da Tarde (SP).
Mudou-se, em 1972, para o Rio de Janeiro, e, a convite de Raimundo Pereira (um dos donos do jornal) assumiu o cargo de ilustrador no recém-fundado semanário “Opinião”. Sem verba para fotografia, a direção decidiu que o jornal seria todo desenhado.
Dono de um estilo único na criação de caricaturas, seu traço forte, preciso e dinâmico, impressiona pela captação de gestos e impressões.
Nas palavras de Millôr Fernandes, “filho de um oficial de cavalaria, Loredano desde cedo se sentiu obrigado a desmontar o ser humano”.
No Rio, colaborou, eventualmente, com o “Jornal dos Economistas”, ‘O Pasquim”, “O Globo”, “Jornal do Brasil” e com as revistas “Veja” e “Piauí”.
Morou na Alemanha, França, Itália e Espanha, colaborando para grandes periódicos como: “Frankfurter Allgemeine Zeitung”, “Die Zeit”, “La Repubblica”, “Il Globo”, “Libération”, “Magazine Littéraire” e “El País”.
No retorno ao País, em 1994, fixou-se novamente em São Paulo, trabalhando para os jornais “O Estado de São Paulo” e “Gazeta Mercantil”.
Pesquisador, Loredano escreveu livros sobre os cartunistas J. Carlos, Nássara, Guevara, Figueroa e Luis Trimano.
Avesso aos avanços tecnológicos, até hoje ele afirma não saber trabalhar em computadores. "O original é nanquim e papel, um negócio anacrônico mesmo."
Loredano, hoje com 72 anos, divide o apartamento na Rua Marquês de Abrantes, no Flamengo, com a mulher, Rosana Lobo, as filhas e cerca de 4.000 livros.
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