Coluna

O BAR DO JUAREZ

Numa rua tranquila em Moema, de esquina, fica o tradicional “Bar do Juarez”.

Da última vez em que estive em São Paulo, depois de visitarmos a exposição “O Pasquim 50 Anos” fomos, eu e a Sheila, conhecer o famoso boteco de Sampa.

Sheila, na verdade, já o conhecia, e falou muito bem do bar da Avenida Jurema, 324, que atrai paulistanos e visitantes com suas simpáticas cadeiras dispostas na calçada e os tradicionais azulejos azul e branco, impecavelmente limpos.

Como carioca, adoro botecos. Gosto tanto que não me contentava só em frequentar, comprava os bares onde bebia.  Fui dono de vários deles. 

Como tenho vivido na ponte aérea – moro no Rio e minha editora fica em São Paulo –, na busca insaciável do prazer, como diz o cartunista Jaguar, ando frequentando muitos botecos na terra da garoa. 

De simpáticos pés-sujos, como o “Bar do Giba”, a sofisticados como o “Bourbon Street Music Club”. 

O “Bar do Juarez” é inspirado nos famosos botecos do centro da cidade, lugares onde um “bom papo” atravessa a madrugada em torno de rodelas (no Rio é bolacha) de chopp, garrafas e petiscos. Coisas que tornam a noite e a vida mais agradável.

Bar do Juarez
Foto: Divulgação

A trajetória de sucesso do boteco se confunde com a do dono, o baiano Juarez Alves. Natural de Itabira, no sertão da Bahia, Juarez chegou à cidade de São Paulo em 1973, aos 12 anos. Trabalhou como balconista, chapeiro e garçom. Em 1986, abriu, junto com o irmão e um sócio o restaurante “Bier Bier”. Em 1999, a casa foi vendida e no ano seguinte Juarez inaugurou o “Bar do Juarez”, em Moema. Hoje, são quatro lojas.

Com o atendimento de simpáticos garçons, o movimento no bar vai até a madrugada. Bem diferente da época em que o falecido prefeito Pitta, dando uma de ditador, obrigava os bares a fechar as portas mais cedo.

O espaço, com decoração dos anos 50, informal e agradável, com jeito de boteco antigo - com prateleiras até o teto, espelhos, fotos antigas e pinturas - é famoso pelo chope muito bem tirado e os pastéis simplesmente deliciosos de massa crocante e recheio farto e bem temperado.

No interior, além das mesas dispostas confortavelmente uma ao lado da outra, eles oferecem um buffet de antepastos com dezenas de tira-gostos deliciosos que o próprio freguês pode se servir.

O prato mais pedido da casa é a picanha que vem cortada em tiras finas e o freguês vai colocando suas fatias numa chapa que fica ao lado da mesa e tira no ponto de sua preferência. Como acompanhamento, vinagrete e farofa em porções pequenas.

Para não dizer que tudo é perfeito, a fumaça da picanha na chapa, o carro-chefe da casa, deixou nosso encontro meio “enfumaçado”. Mas nada que tirasse o bom humor de um carioca que já sobreviveu até a água da cidade do Rio de Janeiro.

Saímos dali, e ainda fomos derrubar uma ótima garrafa de vinho tinto, para fechar à noite. 

Lembrei do escritor Paulo Mendes Campos, quando interpelado por uma senhora, sobre o prazer de beber:

- O senhor não anda bebendo demais?

- Não senhora. Nem de menos. 

Ediel Ribeiro (RJ)

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Coluna do Ediel

Ediel Ribeiro é carioca. Jornalista, cartunista e escritor. Co-autor (junto com Sheila Ferreira) do romance "Sonhos são Azuis". É colunista dos jornais O Dia (RJ) e O Folha de Minas (MG). Autor da tira de humor ácido "Patty & Fatty" publicadas nos jornais "Expresso" (RJ) e "O Municipal" (RJ) e Editor dos jornais de humor "Cartoon" e "Hic!". O autor mora atualmente no Rio de Janeiro, entre um bar e outro.

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