Agropecuária

Projeto valoriza produtos e roteiros turísticos da Serra da Mantiqueira

Pesquisas da Epamig contribuem para desenvolvimento agropecuário da região, especialmente na produção de azeites e vinhos

Olivicultura tem atraído também o interesse de turistas que querem conhecer os olivais e o processo produtivo. (Divulgação / Epamig)

Conhecida pela grande diversidade de atrações turísticas, roteiros gastronômicos, religiosos e de ecoaventura, a região da Serra da Mantiqueira se destaca também na produção de cafés especiais, vinhos, azeites e queijos premiados mundialmente. Com o intuito de promover essas potencialidades, a Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais (Secult), em parceria com as secretarias de Turismo de São Paulo e do Rio de Janeiro e o Ministério do Turismo, lançou na última semana o projeto Destino Mantiqueira.

Trabalhos realizados pela Empresa de Pesquisa Agropecuária da Minas Gerais (Epamig) fizeram da Mantiqueira pioneira na extração de azeites extravirgens no Brasil. Atualmente, são cerca de 160 olivicultores e 40 marcas próprias, que se destacam no circuito gastronômico ao oferecer produtos de excelente qualidade, caracterizados por frescor e sabores mais suaves e frutados, de amargor e picância distintos de outras regiões. 

Passados 11 anos desde a extração do primeiro azeite, realizada no Campo Experimental da Epamig, no município de Maria da Fé, pesquisadores e olivicultores investem na qualidade do produto por meio de técnicas de cultivo, extração e apresentação ao público. "Nosso objetivo é ofertar aos consumidores produtos de boa qualidade. Não temos condições ou intenção de competir, em termos quantitativos, com os grandes polos", pondera o coordenador do Programa Estadual de Pesquisa em Olivicultura, Luiz Fernando de Oliveira. 

A olivicultura tem atraído também o interesse de turistas que querem conhecer os olivais e o processo produtivo. Para atender a esse público alguns produtores têm investido em lagares (espaços destinados à extração de azeite) próprios e circuitos de visitas guiadas. Em Maria da Fé, o olivicultor Armando Gonçalves, proprietário da marca Fio de Ouro, está construindo uma agroindústria para extração de azeite com estrutura para receber os visitantes. 

Recentemente, Gonçalves adquiriu uma máquina para a extração de azeite capaz de processar 1,5 mil quilos de azeitonas por hora, produzida sob demanda por uma empresa nacional sediada em Santa Catarina. O espaço deve ser aberto ao público já na próxima safra, com início previsto para fevereiro de 2020.

Na Fazenda Irarema, em Poços de Caldas, Moacir Carvalho Dias e a família se dividem entre as atividades agrícolas, como a olivicultura, e a administração de restaurante, cafeteria e das visitações à propriedade, fundada em 1870. Em 2019, o blend das cultivares Koroneiki, Arbequina, Arbosana e Grapollo da marca recebeu medalha de ouro no Concurso Mundial de Azeite, realizado em Nova Iorque. "Plantávamos apenas café. Depois de experimentarmos um azeite aqui da região, ficamos impressionados com a qualidade e começamos com a olivicultura”, conta Moacir.

Uva e vinho
O enoturismo também tem se destacado na Mantiqueira, a experiência já é oferecida por vinícolas de municípios mineiros, paulistas e fluminenses, que utilizam a tecnologia de inversão do ciclo da videira, desenvolvida pela Epamig, para a produção de vinhos finos. Em Andradas, a vinícola Casa Geraldo possibilita aos turistas conhecer a estrutura da propriedade, experimentar os vinhos e participar de cursos de degustação.

A técnica da dupla poda faz com que as uvas destinadas à produção de vinhos sejam colhidas no período seco, quando apresentam mais aroma e concentração de cor. Elas têm conquistado o circuito gastronômico e garantido prêmios em concursos nacionais e internacionais. Uma uva que se adaptou bem às características da região foi a Chardonnay. Espumantes produzidos por vinícolas incubadas e orientadas pela Epamig têm se destacado em concursos de qualidade.

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