Rio - Sempre li jornal.
Lia, diariamente, o “Jornal do Brasil”, a “Folha de São Paulo” e o “Jornal da Tarde”.
O JB e a Folha porque, para mim, sempre foram os melhores jornais do país e o JT por causa da irreverência, a malícia e o deboche que permeavam seu noticiário.
O “Jornal da Tarde” era fartamente ilustrado. As ilustrações, os cartuns e as charges políticas eram desenhados por quatro cartunistas fixos: Nicolielo, Novaes, Otávio e Franco.
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Eu era fã do jornalista Carlos Brickmann. Lia tudo o que ele escrevia. Desde a coluna “Dia a Dia” até os editoriais de “Toninho Malvadeza”, personagem criado por Brickmann que distribuía farpas venenosas e era odiado pelos políticos.
Conheci o trabalho do Nicolielo quando ele ilustrava os textos do Carlos Brickmann. Dono de um traço inconfundível e humor ácido, o cartunista chegava a publicar até quatro charges sobre economia e política diariamente.
Antônio Carlos Nicolielo nasceu em Nova Europa (SP), em 11 de fevereiro de 1948.
Jornalista e formado em Direito, Nicolielo iniciou carreira nos Diários Associados, em 1971, no auge da censura imposta pela Ditadura Militar, trabalhando como repórter e redator, tornando-se chargista por acaso.
“Minha primeira reportagem foi sobre a lotação na cadeia pública de Bauru, no “Jornal da Cidade”. Ilustrei a matéria com um desenho e ele saiu na primeira página. Depois disso, comecei a fazer charge política diariamente”, diz.
Nessa fase, o cartunista trabalhou ainda nos jornais “Folha do Povo” e “Diário de Bauru”.
Em 1970, foi para São Paulo, onde trabalhou como chargista político dos jornais “Diário de São Paulo” e “Diário da Noite”.
Foi chargista e ilustrador da “Folha de São Paulo” e “Folha da Tarde”, de 1985 à 1992. Nessa época, foi um assíduo colaborador do semanário carioca “Pasquim”.
Foi também ilustrador e capista das revistas “Visão”, “Veja”, “Status” e “Viaje Bem”.
Desde 1998 é afiliado ao Cartoonist & Writers Syndicate e ao The New York Times Syndicate, que distribuem seus trabalhos para mais de 150 publicações no mundo todo.
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Seus desenhos estão nas páginas de jornais como “International Herald Tribune”, “The Washington Post” e “The New York Times”.
Tem obras no Museum of History em Bonn, Alemanha; House of Humor de Gabrovo, Bulgária; Museum of American Life, em Hartford, Estados Unidos; Museum of Cairo, Egito e no Museo do Humor de Galícia, Espanha.
Tem trabalhos publicados em antologias de Caricatura no Canadá, Grécia, Alemanha, Bulgária e Polônia.
Foi premiado na Bulgária e escolhido, em 1985 - junto com o cartunista Millôr Fernandes -, por uma comissão editorial europeia, como um dos mais importantes caricaturistas do mundo.
O cartunista teve três livros publicados na década de 70.
Nicolielo respira desenho 24 horas por dia. O cartunista acorda ouvindo as notícias no rádio. Depois, devora os principais jornais do dia. Quando chega a redação, perto das sete da noite, ele já tem na cabeça a charge que vai produzir. O desenho sai rápido, em 20 ou 30 minutos.
“O artista tem que ter a curiosidade do jornalista. Minha ansiedade por notícia é grande, porque ela é minha munição. Eu respiro desenho 24 horas por dia. Tenho perto de 1.200 cartuns inéditos”, declara.
Antônio Carlos Nicolielo é um artista inquieto. Ultimamente, vem se dedicando a pintura. Aos 70 anos o artista poderia estar aposentado, ao invés disso, o artista engata o trailer no automóvel e vai para as praças e cidades levando sua arte pelo país.
“L’Arte est Mobile” - A arte é móvel - é um projeto de intervenção urbana idealizado pelo incansável Nicolielo.
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