Opinião

A cultura de compartilhamento é a solução para sair de todas as crises

Dr. Cristiano Trindade de Angelis. (Divulgação)

Preservar a tradição nunca foi sinônimo de se fechar para o aprendizado com outras crenças e tradições. Ninguém compartilha um copo de guaraná, mas compartilha o chimarrão, que leva a um bate papo enriquecedor.

A ideia dos porto-alegrenses que o Rio Grande do Sul sustenta o Brasil entrou em colapso quando o ex-governador decretou calamidade financeira e veio a tona as fraudes de grandes empresas gaúchas, como a Gerdau. Hoje eles começam a perceber que tanto a parte alemã, como a parte Italiana, andam muito melhor que a capital devido ao comportamento de parceria.

A música tradicionalista gaúcha mostra a força de um povo patriota, sentimento esse desenvolvido nos 10 anos da revolução farroupilha, influenciada pelos partidos uruguaios, colorado e unitário. No Uruguai, sempre pioneiro em medidas de direitos civis e democratização da sociedade, é cultivada a tradição gaúcha, o que pode ser visto na Fiesta de la Patria Gaucha e no Museo del Gaucho de Montevidéu. Na contramão, Porto Alegre se isolou, o que levou a falência do Estado.

Ano passado o Zaffari foi condenado a pagar R$ 60 mil e multa de dez salários mínimos a três jovens negros por racismo. Em 2017, um jovem negro foi espancado e morto no meio da rua na capital. Em 2014 o goleiro do Santos foi alvo de racismo e mês passado o lateral do Flu denunciou racismo de gremistas em Porto Alegre. Foi criado na capital o Centro de Referência do Negro (CRN), pioneiro no país.

A música do José Fogaça “Porto Alegre é Demais” expressa bem o comportamento do gaúcho da capital que tem que passar de “tão sentimental” para espiritual.

Cristiano Trindade de Angelis*, PhD em Estratégia e Gestão de Projetos, é autor de “A knowledge management and organizational intelligence model for public sector administrations.

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