Opinião

Ingerência indigesta

A notícia que “Brasil e Estados Unidos vão trabalhar juntos contra governos autoritários”, 2/1/2019, no site de O Globo, revela afronta à soberania dos países de Cuba, Venezuela e Nicarágua, citados, especificamente, na matéria produzida através do encontro entre o novo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, ex-militar, enviado por Donald Trump à posse do ex-militar Messias Bolsonaro na presidência da República do Brasil.

Trata-se, portanto, de ingerência indigesta à soberania de Cuba, Venezuela e Nicarágua. Agressão inaceitável, inadmissível, intolerável à América do Sul.

Em arrogância desmedida, o estadunidense Mike se refere aos três países como “troica da tirania”. E, babacamente, diz que “o sistema político há 60 anos em Cuba é um fracasso”. Essa postura engana os incautos, pois Cuba progrediu muito mais que os EUA, em relação às condições essenciais de vida. Enquanto Cuba prioriza a solidariedade entre os povos no mundo, os EUA fomenta a discórdia, baseando sua economia à indústria da guerra.

Idiotamente, Mike diz que “queremos tornar a vida dos cidadãos do mundo todo melhor”, incitando Ernesto de que os negócios comerciais com o Brasil devem ser pautados por motivações econômicas. Assim, reafirma a postura prepotente dos EUA de desprezo pelas questões sociais, humanitárias, que são princípios básicos e fundamentais da política de Cuba.

E Ernesto, seduzido, disse que “as relações bilaterais tendem a se aprofundar para garantir o crescimento da economia brasileira e a criação de empregos”. Serão os EUA parceiro ideal para alavancar o crescimento econômico e o desenvolvimento social do Brasil? Historicamente, os EUA sempre vilipendiaram o Brasil. Os EUA sempre usurparam as riquezas do Brasil. Portanto, os EUA são a raposa tomando conta do galinheiro, infelizmente.

Compreendo e respeito, prezados leitores e leitoras d’O Folha de Minas, que alguns de vocês podem comungar com essa relação espúria entre o Brasil e os EUA. Mas, creiam, se boa fosse, nós, brasileiros, não amargaríamos tantas misérias e desigualdades. Temos, nós mesmos, que cuidarmos do nosso próprio destino, construindo uma identidade que seja inabalável, intocável, inatingível. Um país que seja forte e verdadeiramente integrado à América do Sul, irmanado com todos os povos do mundo.

Convido-os a ouvir “Canción por la unidad latinoamericana”, do cubano Pablo Milanês, convicto de que é irreversível a vocação política do planeta que habitamos no socialismo. Será daqui a dezenas de anos, centenas de anos, milhares de anos? Não importa. Quem viver verá!

 

El nacimiento de un mundo se aplazó por un momento

Un breve lapso del tiempo, del universo un segundo

Sin embargo parecía que todo se iba a acabar

Con la distancia mortal que separó nuestra vidas

 

Realizaron la labor de desunir nuestras manos

Y a pesar de ser hermanos nos miramos con temor

Cuando pasaron los años se acumularon rencores

Se olvidaron los amores, parecíamos extraños

 

Qué distancia tan sufrida, que mundo tan separado

Jamás hubiera encontrado sin aportar nuevas vidas

Esclavo por una parte, servil criado por la otra

Es lo primero que nota el último en desatarse

 

Explotando esta misión de verlo todo tan claro

Un día se vio liberado por esta revolución

Esto no fue un buen ejemplo para otros por liberar

La nueva labor fue aislar bloqueando toda experiencia

 

Lo que brilla con luz propia nadie lo puede apagar

Su brillo puede alcanzar la oscuridad de otras costas

Qué pagará este pesar del tiempo que se perdió

De las vidas que costó, de las que puede costar

 

Lo pagará la unidad de los pueblos en cuestión

Y al que niegue esta razón la história condenará

La história lleva su carro y a muchos nos montará

Por emcima pasará de aquel que quiera negarlo

 

Bolívar lanzó una estrella que junto a Martí brilló

Fidel la dignificó para andar por estas tierras

Bolívar lanzó una estrella que junto a Martí brilló

Fidel la dignificó para andar por estas tierras.

 
LENIN NOVAES* é jornalista e produtor cultural. Co-autor do livro Cantando para não enlouquecer, biografia da cantora Elza Soares, com José Louzeiro. Criou e promoveu o Concurso Nacional de Poesia para jornalistas, em homenagem ao poeta Carlos Drummond de Andrade. É um dos coordenadores do Festival de Choro do Rio, realizado pelo Museu da Imagem e do Som - MIS

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